DÁ INSTRUÇÃO AO SÁBIO, E ELE SE FARÁ MAIS SÁBIO AINDA; ENSINA AO JUSTO, E ELE CRESCERÁ EM PRUDÊNCIA. NÃO REPREENDAS O ESCARNECEDOR, PARA QUE TE NÃO ABORREÇA; REPREENDE O SÁBIO, E ELE TE AMARÁ. (Pv 9.8,9)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Os Decretos Divinos e a Origem do Mal (II)



Terminologia Bíblica para os Decretos de Deus

Apesar de não encontrarmos nas Sagradas Escrituras a expressão “decretos de Deus”, a doutrina e sua sistematização não deixa de ser correlativo a elas. Seguindo a logia de Berkhof , “Não são descritas abstratamente na Escritura, mas são colocadas diante de nós em suas concretização histórica” [1]. Os decretos divinos são observados em conluio com a revelação progressiva de Deus na história e, não independente dela. Só podemos saber, portanto, através de uma revelação especial de Deus na historicidade humana.

Termos Bíblicos
A Escritura vetero e neotestamentária emprega diversos vocábulos que traduzem corretamente o sentido doutrinário e teológico dos decretos de Deus.

No Antigo Testamento
Os vocábulos no AT são usados em dois sentidos básicos: os que acentuam o elemento intelectual do decreto e, os termos que salientam o elemento volitivo [2].

Etsah, de yaats, lit. aconselhar, dar aviso. O lexema é usado em 38.2, é traduzido na ARA por desígnio, na ARC por conselho e, na TEB por providência. Desígnio refere-se ao plano, providência de Deus ou ao conselho dado por um sábio [3]. Em Isaías 46.11 o Senhor afirma: “ O que eu disse, eu o cumprirei; formei o plano, e o executarei”. (ECR).
Sod, de yasad, lit. sentar-se junto para deliberação. Particularmente, Jeremias 23.18,22 fala-se de decisões tomadas na corte celestial ignoradas pelos falsos profetas.

Mezimmah, de zamam, lit. meditar, ter em mente, propor-se a. É o que ocorre em Jeremias 4.28 “..porque falei, resolvi e não me arrependo, nem me retrato” (cf. 51.12).
Hõq, lit. mandamentos, decretos. É um dos termos mais próximos na Bíblia, àquilo que os teólogos chamam de “decretos divinos”. O termo aparece em diversos textos das Escrituras das quais as mais importantes estão no Salmo acróstico 119. 5,8.12,: “Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca”; “Cumprirei os teus decretos”; “ensina-me os teus preceitos”.

Cada um dos termos acima acentuam o elemento intelectual do decreto divino, a seguir observaremos os que salientam o elemento volitivo.

Shophet, lit. inclinação, vontade, beneplácito. Em Isaías 53.10 o termo é usado para designar o ato da vontade permissiva de Deus que permitiu que Cristo sofresse a favor dos pecadores: “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo”. A idéia corrente por trás desse texto é que ao sofrer, o servo sofredor e, seus carrascos, estavam cumprindo um propósito determinado anteriormente por Deus (vide v.6).

Ratson, lit. agradar, deleitar-se. Deus só pode se satisfazer com aquilo mesmo que ele determinou para seu deleite. Isto denota vontade soberana, deleite ou beneplácito (Sl 51.19).

Novo Testamento
O texto grego do Novo Testamento contém numerosos e significativos vocábulos, entre eles:
Boule. Este termo ocorre em diversos textos neotestamentários significativos ao estudo em apreço. O significado primário deste lexema é conselho, resolução, desígnio, propósito e projeto. O vocábulo é usado principalmente para referir-se à crucificação como parte do plano divino relativo ao Messias.

Em Atos 2.23, Pedro afirma: “ Sendo este entregue pelo determinado desígnio (boule) e presciência (prognosei) de Deus”. ARC, traduz por “determinado conselho”, a NVI por “propósito determinado e pré-conhecimento de Deus” , a TEB por “plano bem-determinado da presciência de Deus”.

Neste texto o desígnio ou propósito de Deus está associado com a sua presciência. A presciência de Deus é o conhecimento prévio que Deus possui de todas as coisas, tanto finitas quanto eternas, de modo que nada do que ocorre acontece sem o conhecimento d’Ele. Pela sua presciência, ele determinou e projetou a redenção humana. Pedro usa o termo prognoseimais uma vez em 1 Pe 1.2, referindo à eleição dos santos.
Tanto boule quanto prognosei aludem ao eterno propósito divino (Is 53.10) de entregar Jesus à crucificação. A crucificação de Jesus era, ao mesmo tempo, parte necessária do destino do Messias e, parte do plano divino de Deus; porém, paralelamente a isso, aqueles que agiram de conformidade com o plano divino, fizeram-no por impulso de sua própria vontade maliciosa. No entanto, os personagens que assim o crucificaram, estavam, mesmo sem saber, cumprindo um projeto arquitetado por Deus desde a eternidade. A oração do crentes primitivos (At 4.27,28), testificava de que Herodes, Pôncio Pilatos, os gentios, e os povos de Israel, fizeram “ .. tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse”.

O apóstolo Paulo, em Efésios 1.11, usa o termo boule, ao contrário, para referir-se ao projeto salvífico, elegendo, predestinando, filiando e redimindo aos que crêem (vs. 4, 5,,7); “nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade.” (NVI).

Rinaldo Fabris [4], traduz o texto grego como se segue: “Nele, também nós participamos da salvação. Deus, que tudo realiza segundo sua decisão, nos integrou gratuitamente em seu projeto,” Aqui, o projeto ou plano de Deus, está relacionado às “bênçãos espirituais em Cristo” (Ef 1.3) concedida gratuitamente aos eleitos. Assim como, boule aparece com o termo prognosei, clareando e ratificando o “desígnio de Deus”, no texto de Atos, também aparece com outros dois termos significativos no texto de Efésios. O primeiro deles é mystêrion, v.9, e o segundo é predestinar, proorízo, vs.5,11.

Notas
[1] Louis BERKHOF,. Teologia Sistemática, p.102
[2] Ibid., p.102
[3] Francis I.ANDERSEN, - Introdução e Comentário, p. 272-3
[4] As Cartas de Paulo (III), p. 147

5 comentários:

Osiel Varela disse...

A Paz do Senhor Jesus
A descoberta deste site foi um motivo de procurar aprender.
O conhecimento da terminologia bíblica original é uma necessidade que nós servos temos que aprender.
Que Deus o inspire sempre como Isaías 11.
Fraternalmente em Cristo.
Osvarela-SBC-SP-Br

Osiel Varela disse...

A Paz do Senhor Jesus
A descoberta deste site foi um motivo de procurar aprender.
O conhecimento da terminologia bíblica original é uma necessidade que nós servos temos que aprender.
Que Deus o inspire sempre como Isaías 11.
Fraternalmente em Cristo.
Osvarela-SBC-SP-Br

Unknown disse...

O Blog Teologia e Graça consegue a cada dia teologar com os leitores desses textos ricos em informação.
Parabéns pastor Esdras.

Gutierres Siqueira
www.teologiapentecostal.blogspot.com

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene.

Muito obigado prezados irmãos em Cristo, suas palavras motivacionais são bálsamos.

Anônimo disse...

Parabens muito bom seu Post,muito interesante!!!!Fik c paz d cristo!!!
Abs!
Faculdade Teológica

TEOLOGIA & GRAÇA: TEOLOGANDO COM VOCÊ!



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