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quarta-feira, 27 de junho de 2007

Criação, Evolucionismo e Teoria da Lacuna



Criacionismo
O criacionismo, tal como compreendido pelas Escrituras, é a crença de que Deus formou o homem do pó da terra. E que o homem não se originou do acaso, mas da vontade e atividade do Deus-Oleiro.

Teorias Criacionistas
Embora a Escritura seja clara concernente à origem do Universo e do homem, e afirme categoricamente que estes procedem da ação divina, muitos teólogos procurando conformar o relato religioso com o científico acabam produzindo labirintos teóricos que obscurecem a simplicidade do texto bíblico.

Vejamos os dois grupos pelos quais se dividem o criacionismo.

O CRIACIONISMO DIRETO

Acredita que o homem originou-se como descrito em Gênesis 2:7. Adão foi feito do pó da terra e Eva de sua costela, mediante atos especiais de criação divina.

Fundamentos da teoria

O criacionismo direto acredita que existem evidências paleontológicas referentes ao desenvolvimento das espécies e que o relacionamento do homem com esse processo é justificado em várias bases:


1) - Através da “teoria do dilúvio”:
argumentam que as repercussões catastróficas do dilúvio de Noé justificam os materiais fósseis;


2) - Por meio da “teoria da lacuna ou dos intervalos”:
argumentam com base em Gênesis 1.2, que o ato inicial da criação foi seguido de uma catástrofe global que justificam as realidades geológicas como presentemente observadas e isto foi seguido, por sua vez, por um novo ato de criação que produziu a terra como a conhecemos agora. Não há meios de comprovar essa teoria na Bíblia.


O CRIACIONISMO PROGRESSIVO

Afirma que Gênesis 1 narra em breves registros, os atos criadores sucessivos de Deus - do primeiro ao sexto dia. Acredita que o Universo foi criado através de vários estágios a partir do ato inicial, até o aparecimento do homem (Gn 1.27), que é visto como um novo estágio da criação divina.

Fundamentos da Teoria

Reconhece certos desenvolvimentos evolutivos dentro de cada espécie principal; admite intervalos entre as espécies indicando atos criadores sucessivos, desenvolvimentos estes que podem não ter ocorrido na ordem precisa de Gênesis 1 que, em qualquer caso, diferem de Gênesis 2. Timothy Munyon afirma que os adeptos do criacionismo progressivo “acreditam que Deus criou vários protótipos de plantas e animais, em etapas diferentes e parcialmente coincidentes, a partir dos quais os processos de microevolução produziram a variedade de flora e fauna que observamos hoje”.

O ENSINO DAS ESCRITURAS


A
Bíblia descreve duas narrações da criação do homem. A primeira em Gênesis 1.26,27 e a segunda em Gênesis 2.7. Não são duas descrições antagônicas e precisam ser entendidas uma à luz da outra. Em Gênesis 1 o homem é descrito como ser existencial e moral, enquanto em Gênesis 2 ,o objetivo é a história pessoal do homem.

O narrador do capítulo 1 é um narrador universal, ele conhece a história pessoal do homem (capítulo 2), tanto que em 1.27 a mulher é descrita como criada segundo à imagem de Deus, ainda que no capítulo 2 ela seja descrita como criada por Deus, mas procedente diretamente do homem. Pela narrativa criacional no capítulo 1, mulher e homem são descritos como seres que ocupam perante Deus as mesmas responsabilidades e possuem os mesmos atributos morais e naturais.

Em Gênesis 2.7 o Criador trabalha à semelhança de um oleiro, que do barro forma o corpo do homem, como há de formar o dos irracionais (v.19). Todavia a produção do homem não termina como a dos animais, com a formação do corpo: o Criador sopra em suas narinas para lhe dar a vida: “e o homem tornou-se alma vivente”. O termo hebraico “nepesh” ou “alma vivente” é um
termo que possui diversos sentidos nas Escrituras e deve ser entendido de acordo com o significado sugerido pelo contexto e pelos matizes e gênio da linguagem semítica.

De forma alguma o texto refere-se à alma como elemento distinto do espírito e corpo, como entendido em 1 Ts 5.23, mas sim, a totalidade da vida humana como mortal sobre a terra. Observando os textos de Gn 6.17; 7.15,22 chegar-se-á à verossímil conclusão de que “alma vivente” na Almeida, no texto em apreço, refere-se ao “sopro ou hálito de vida” que simplesmente designa a vida. Alguém é dito viver na medida em que respira, e o Deus-Oleiro, em Gênesis 2.7, comunica a vida pelas narinas porque por estas é que o homem respira: “Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes retiras a respiração, morrem, e voltam ao pó. Envias o teu fôlego, e são criados; e assim renovas a face da terra “ (Sl 104.29,30 cf Jó 34.14-16).

Os hagiógrafos não vêem qualquer controvérsia ou paradoxo nas duas narrativas. Em Gênesis 1 é descrito o homem racional e moral, que pensa, age, determina a sua vontade a fazer aquilo que esteja coerente com a sua natureza moral e natural, enquanto em Gênesis 2 é descrita a manifestação dessa natureza que o distingui dos seres irracionais.


Filologia Bíblico-Antropológica

A filologia antropológica do Antigo e Novo Testamentos jamais identifica o homem como procedente de uma ordem inferior de vida. Tantos os hebreus quanto os escritores neotestamentários usaram termos que descrevem o homem como ser único, singular, especial. Vejamos:

1. Hebraico

a) - adam: Refere-se tanto a homem como ser “da terra” quanto a humanidade, homens e mulheres, ou ao homem como ser terreno ou mortal (Gn 1.26). Igualdade e diferença são notáveis no texto em apreço: distinção dos demais seres criados e teomorfia em relação à Divindade. Provavelmente seja o termo mais importante da antropologia-bíblica, ocorrendo cerca de 562 vezes. Nota-se um jogo de palavras muito fino: do solo ou da “adamâ” é tirado um ser chamado “adam”, homem. Para a mentalidade semítica dos hagiógrafos, as relações entre palavras são relações entre os seres designados; se pois, o homem deve viver sobre a terra (adamâ), cultivar a terra e se tornar um dia poeira da terra (Gn 2.15;3.17-19), é lógico que se chame “adam”.

b) - ’Îsh:
Indivíduo do sexo masculino (Gn 2.24). O termo aparece por cerca de 2.160 vezes no conteúdo do Antigo Testamento. É possível que haja uma correspondência semântica, ainda que seja discutida pelos hebraístas e filólogos entre os vocábulos homem e mulher. O termo mulher ou esposa, “’îshshâ”, provavelmente se deriva de “’îsh”, “porquanto do varão foi tomada”. Há os que advogam a correspondência assonântica ou paranomástica entre os termos, e os que negam. Entretanto, o texto é implícito em afirmar que o homem e a mulher são destinados a se completar mutuamente, sob o ponto de vista tanto físico quanto psíquico, pois tornam-se “uma só carne”.

c) - ’enôsh:
Raça humana como mortais, isto é, como seres finitos ou temporais (Gn 6.1). Encontra-se cerca de 44 vezes nas Escrituras Veterotestamentárias e o significado primário é “humanidade” (Jó 28.13; Sl 90.3; Is 13.12). O termo designa a condição fraca e vulnerável do homem. Particularmente esse conceito parece sobressair nas comparações que são feitas entre o homem e Deus (Jó 33.12; Sl 9.19.20). Entretanto, o sentido de “espécie humana” também é evidente nos textos de Jó 28.13; 36.24 e Salmos 90.3.

d) - Geber:
O termo hebraico geber, procede de uma raiz hebraica cujo conceito é “forte”, “ser forte”, “poderoso”. O vocábulo distinto do termo genérico adam e ’îsh, representa o homem na sua robustez, ou na sua maturidade. É usado cerca de 66 vezes nas Escrituras Hebraica, dentre eles Êxodo 10.11. O contexto imediato refere-se a afirmação de Moisés para que fosse permitido a saída de todo o povo, desde os mais jovens, até o mais maduros. Faraó, entretanto, assinala a ida somente dos indivíduos maduros ou em sua robustez. Segundo Oswalt, giber “descreve a humanidade em seu nível máximo de competência e capacidade”. Um termo cognato é “gibbôr”, que tipicamente é traduzido por homens fortes, guerreiros.

2- Grego

a) - Aner:
Homem na idade madura, ou na idade de se casar. É esse o sentido especializado usado em Marcos 10.2,12, traduzido por marido, em Apocalipse 21.2, por noivo. Raramente o termo é traduzido por pessoa, como ocorre com anthrÇpos. Nesse sentido, tanto o termo “geber” quanto o termo “aner”, refere-se ao indivíduo capaz de tomar decisões. “Aner” é oposto ao infante, neófito, indivíduo incapaz de agir com maturidade (Lc 1.27; 1 Co 13.11). Um outro termo correlato é andrós, isto é, “homem” ou “varão”.

b) - Anthropos:
Anthropos, segundo a visão dos filósofos gregos refere-se ao homem em seu sentido ético-filosófico, acentuando todas as suas características personalógicas opostas aos irracionais. É o indivíduo capaz de pensar e tomar decisões, que encontra impingido em seu ser atributos morais e naturais que distingue a sua existência dos demais seres criados. Anthropos, ainda se refere ao indivíduo em busca de sua auto-realização, capaz de procurar e buscar um
sentido superior ao temporal (Mt 4.4; Tg 3.7).

c)- Arsen:
O vocábulo arsen é cerca de 7 vezes nas páginas do Novo Testamento. Duas das sete refere-se ao episódio a respeito do divórcio, e conseqüentemente, da sexualidade humana (Mt 19.4; Mc 10.6). No terceiro caso, o termo é traduzido por “primogênito” na ARA, “primogênito do sexo masculino” na NVI, e “menino primogênito” na TEB (Lc 2.23), sentido este que pode traduzir perfeitamente Apocalipse 12.5,13. Em Romanos 1.27 e Gálatas 3.28, arsen é traduzido por homem , para diferencia-lo do sexo feminino. Arsen, denota o homem com forte conotação sexual: macho, viril, homem.



12 comentários:

Anônimo disse...

Professor Esdras, meus parabéns pelo seu blog. Aqui em Roraima temos aprendido muito com os temas.
Continue nessa tua força varão valoroso.

Sérgio Cunha

Anônimo disse...

Irmão Esdras, se a evolução é um erro, porque muitos ainda há mantém como uma hipótese de pesquisa científica?

Gilberto de Souza, RJ.

Unknown disse...

Caro Ev. Esdras

Esperamos ansioso a sua resposta para prosseguirmos com o debate, pois o assunto é oportuno.

Um grande abraço.

marketingparaescoladominical.blogspot.com

Esdras Costa Bentho disse...

Prezado irmão Sérgio Cunha de Roraima, sua participação e a de seus irmãos em Cristo, honra o teologia com graça.
Muito obrigado pelas palavras motivacionais.
Nos laços do Calvário,
Pr. Esdras Costa Bentho

Esdras Costa Bentho disse...

Prezado irmão Gilberto de Souza, sua pergunta é pertinente e necessária. Muito obrigado pela sua participação. Você honra o teologia com graça. Vejamos algumas questões cruciais:
1. Consideração bibliológica. O apóstolo Paulo afirma que muitas pessoas que querem parecer doutores e defensores da ciência se lançam em jactâncias vãs pois " nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo ser sábios, tornaram-se estultos" (Rm 1.21,22).

2. Consideração econômica. O naturalismo gera milhões de dólares em todo o mundo: revistas, museus, programas de rádio e televisão, livros didáticos, livros científicos, etc.Você já imaginou se eles admitissem o criacionismo quem pagaria a conta? A perda de fianciamento das empresas e mecenas?

3. Discurso filosófico. O problema das metanarrativas. O discurso do evolucionismo está fundamentado na metanarrativa positivista, humanista e científica. Esse discurso é que legitima o fator econômico e viabiliza a credibilidade da sociedade oposta ao conhecimento da Sagrada Escritura. A metanarrativa cristã opõe-se a metanarrativa científica quando se trata do naturalismo. Temos um problema não apenas das metanarrativas, mas também de cosmovisões.

Lembremos que o fim último do homem, de acordo com Aristóteles, no livro X da Ética a Nicômaco,é a operação da potência mais nobre na sua relação com objeto mais nobre. A potência mais nobre no homem é o intelecto e o objeto mais nobre é a verdade primeira, que é Deus. logo, a operação do intelecto, que é a contemplação de Deus, é a perfeição última do homem. O evolucionismo ignora completamente essas verdades.
Outras questões poderiam ser abordadas. Quem sabe o faremos mais tarde.
Um abraço de seu irmão em Cristo,
Pr. Esdras Costa Bentho.

Esdras Costa Bentho disse...

Pastor César, embora o nosso blog não tenha o objetivo de falar aos doutos e dirimir controvérsias, abro espaço para que o digno companheiro post os seus excelentes comentários. Afinal de contas conheço vossa intelectualidade e como esses temas têm ocupado suas pesquisas para a elaboração da obra "O diário de Rebeca".

Seu irmão em cristo
Esdras C. Bentho

Anônimo disse...

Pr Esdras,
Quero lhe parabenizar por este blog, esta mesmo com muitos conteudos peculiares. Enrriquecedor e pitoresco. Para todos os leitores. Quando lemos podemos ver que esta realmente a sua altura. Que Deus o abençõe sempre.
Ass: Ana Paula Bentho.

Rio de janeiro

Esdras Costa Bentho disse...

Irmão Rodrigo, obrigado pelo incentivo. Dei uma olhada em seu blog, muito interessante.
Irei recomendá-lo para algumas igrejas e amigos que costumam perguntar concernente à confecção de camisas para a igreja.
Um abraço

Anônimo disse...

Doutor Esdras, ao visitar demoradamente o seu Blog, orei as palavras de Daniel 2.20-22"Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força. Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos.Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.(ARA)
Estás de parabéns pelo Blog e estou recomendando a vários amigos. Bem aventurados são teus ouvintes e leitores. vai nesta tua força. "Não temas, mas fale e não te cales". Sinto muita falta de nossa convivência enquanto amigos, mas sabemos que "Os navios estão seguros nos portos, mas não foi para ficarem ancorados que foram criados". Então estamos aqui, na Europa, sempre na expectativa do reencontro "Não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá..."
Um abraço do amigo Pr. Samuel

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene.
Muito obrigado prezado pastor e amigo Samuel, suas palavras motivacionais honram o blog Teologia e Graça. Pastor eu não mereço tanta consideração quanto a que o querido amigo demonstrou. Eu também li o seu artigo no site da igreja em Portugal e o achei muito interessante; também afirmo a mesma coisa: "Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força. Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos.Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz".(ARA)
Pr. samuel estou respondendo pelo e-mail do yahoo, pois não identifiquei a postagem no blog. Gostaria de responde diretamente pelo blog, mas não sei em que parte do estudo o amigo deixou postado a mensagem. De qualquer forma aqui vai as minhas apreciações e considerações. Se puder deixe um novo comentário no post onde estão os "quadrinhos".
Sucesso no projeto missionário.
Deus abençoe a você, a Jade, o Júnior e o "Alemão".

Anônimo disse...

Parabens muito bom seu Post,muito interesante!!!!Fik c paz d cristo!!!
Abs!
Faculdade Teológica

André Luís Vianna,Psiquiatra disse...

"SE A EVOLUÇÃO É UM ERRO,PQ É UTILIZADA COMO HIPÓTESE CIENTIFICA?"R:Oras,pq se encaixa melhor c os dados científicos das mais diversas áreas do conhecimento humano do q o criacionismo.A maior parte dos cientistas é pouco religioso,ou mesmo ateu/agnóstico N é pq"se vendeu p o sistema","N quer perder dinheiro","é rebelde e imoral","é cabeça-fechada","N tem coragem p admitir a verdade",NADA DISSO!É simples:O evolucionismo é mais lógico,se adequa melhor aos dados e ás evidências,gera boas hipóteses sobre as quais se desenvolve maior e melhor saber,é mais racional,explica c mais facilidade pq o mundo e nós mesmos somos como somos!Simplesmente,N acreditam na cosmovisão cristã pq ela N é convincente!Simples assim.P.ex.:Um Universo q funciona segundo as quase enigmáticas leis da Mecânica Quântica e a complexidade da proposta da Teoria da Relatividade N pode ter sido criado p um Deus c um perfil comportamental tão abstruso e tacanho qto o Javé Bíblico!Um Deus q criasse o Universo c o funcionamento q destaco deveria ser uma Mente sofisticada,brilhante e criativa.Já o Deus Bíblico se comporta dum modo intelectualmente limitado,emocionalmente perturbado e eticamente risivel.N podem ser a mesma Mente.É quase como comparar uma canção do Tiririca c um escrito do José Saramago!A conclusão é lógica,hehe.

TEOLOGIA & GRAÇA: TEOLOGANDO COM VOCÊ!



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