- Teologia da Revelação a partir da Modernidade (leitura obrigatória para o exame de mestrado PUC-RJ) - Edições Loyola. (1)
- Qual o futuro do Cristianismo? (Paulus). (2)
- Ser cristão em tempos de Nova Era (Paulus). (3)
- "A distinção entre Cristianismo e Igreja permite entender a nova situação. Jesus é distinto do Cristianismo, mas o Cristianismo é impensável sem a fé em Jesus e esta só continuou historicamente porque o Cristianismo se tornou realidade social." (2, p.21)
- "A Sagrada Escritura é a palavra de Deus em linguagem humana, já que os livros foram redigidos por verdadeiros autores literários humanos," (1, p.338)
- "A chance maior do Cristianismo não virá de seu conteúdo doutrinal - ele mesmo maravilhoso -, nem da eficiência organizativa das atuais formas de Igreja, mas da maneira como as comunidades viverão os valores do futuro da humanidade: solidariedade, paz, convivialidade humana, esperança nas tribulações, fé-confiança no ser humano malgrado as terríveis decepções e perversidades." (2,p.135)
Veja a entrevista fornecida ao programa Religare: conhecimento e religião. Entrevista concedida a Flávio Senra (I e II).
Leia o artigo Renovar o Conceito de Deus, de 16 de outubro, in O Tempo (extraído de http: www.jblibanio.com.br)
Renovar o conceito de Deus
J. B. Libanio
O Tempo – 16 de outubro
Frequentemente mimetizamos o Norte das Américas. E, infelizmente, não raro, nas suas vulgaridades, superficialidades e modas. Eis que lá as Igrejas católica, Batista, Presbiteriana, Luterana e Metodista organizaram uma Jornada Teológica para repensar a Deus na perspectiva da esperança e da libertação.
No Ocidente tem-se anunciado já há décadas a morte de Deus. A fileira dos filósofos da suspeita e seus asseclas repetem e lançam, especialmente no mundo acadêmico, a notícia fúnebre do enterro de Deus, como escrevera o poeta alemão Heine: “Não escutais o repicar dos sinos? De joelhos! Levam-se os sacramentos a um Deus que morre”.
Os filósofos da suspeita, Heine e tantos outros profetas da morte de Deus realmente morreram. E Deus volta a atrair a atenção da humanidade, mesmo no coração do Ocidente secularizado.
Na história nada acontece em vão. De fato, algo morreu em Deus. Tal se perguntam os participantes da Jornada Teológica da América do Norte – Canadá, EUA e México.
O Deus da religião prepotente, do poder que comandava os costumes do Ocidente e que levou tantos à conquista de novas terras e continentes está a morrer. Ele marcava, qual imenso relógio, as horas da existência humana e seus hábitos. Esse relógio, se não emudeceu totalmente, silencia-se aos poucos. Em seu lugar, entraram a razão, a ciência, a tecnologia, a autonomia do sujeito, a história, a práxis. Tantas realidades da modernidade e da pós-modernidade comandam a vida social.
Tal entrada, porém, está a provocar, em muitos, secura, vazio e cansaço existencial. O consumismo desvairado não só não satisfaz o espírito, como se tem tornado imenso risco para a humanidade. Tsunamis espirituais se levantam do mar das tradições religiosas. Em recentes pesquisas no Brasil e em outros países, o povo se diz menos afeito à religião institucional, ao Deus do poder, mas religioso e, nalguns casos, altamente religioso. Sente sede do Divino, do Mistério, do Insondável, do Silêncio transcendente. Basta de tanto barulho físico e cultural. O rodar enlouquecido dos autos, o tinir incessante dos celulares, os programas tediosos de TV estão a provocar a busca de Outra Realidade.
Estão aí formas religiosas advindas de outros continentes ou geradas em nossa terra natal a disputar o público que se afastou e continua afastando-se da Religião do poder, das prescrições, das normas.
O futuro aponta para o crescimento da religiosidade e para a queda das religiões institucionais. E nesse jogo imprevisto de choque entre religião e religiosidade, levantaram os teólogos do Norte a pergunta: E Deus como se situa aí? A tradição cristã a que eles pertencem acena para uma transformação profunda da compreensão de Deus. Nada melhor do que voltar para a sua mais pura tradição na pessoa de Jesus. Ele nos deixou na parábola do Filho Pródigo, imortalizada pela pintura de Rembrandt, a imagem mais perfeita de Deus. Lá está ele só Amor, com braços abertos, a esperar-nos, cansados e esvaziados, para o amplexo da confiança e do compromisso com a libertação do que nos oprime.