Ocasião e Data
A Carta de Paulo aos Romanos (1.1) foi escrita provavelmente em 57 d.C. na cidade de Corinto, pouco antes da visita do apóstolo à Jerusalém (Rm 15.25-29). A epístola foi ditada pelo Doutor dos Gentios ao amanuense Tércio (Rm 16.22) e entregue à igreja em Roma por Febe, auxiliar da igreja de Cencréia, porto oriental de Corinto (Rm 16.1,2).
Roma era uma cidade imperial e cosmopolita com cerca de um milhão de habitantes no tempo do Novo Testamento, conhecida, principalmente pela frouxidão moral e relativização dos costumes. A cidade acolhia diversos grupos étnicos e religiosos, dos quais o judaísmo e os judeus eram um dos mais numerosos e importantes. A preocupação do império com a cultura, proselitismo e o fervor da religião judaica desencadeou, em 49 d.C., por meio de um decreto de Cláudio, a expulsão dos judeus de Roma (At 18.2).
A igreja que estava na capital do Império era mista, composta por cristãos de origem pagã (1.5,6, 18-32), grega (Epêneto, Apeles, Trifena e Trifosa), judaica (Priscila, Áquila, Maria) e romana (Rufo, Júlia). Compunha-se a igreja também de pessoas provenientes das camadas pobres de Roma, sejam escravos ou livres (Amplíato, Asíncrito, Hermas, Nereu, cf. 16.1-23).
Aos Romanos está dividido em duas seções principais: doutrinária (1-11) e práticas cristãs (12-16). O vocábulo justiça e o tema Justiça de Deus (1.17), são dois inabaláveis fundamentos que sustentam toda estrutura doutrinária em Romanos.
Experiências de fé salvífica em Romanos
Martinho Lutero: Enquanto professor de Teologia na Universidade de Wittemberg, lecionou a Carta aos Romanos, de novembro de
John Wesley: O Avivamento Evangélico do século XVIII teve na figura de John Wesley, o seu mais destacado representante. Mas, nem todos sabem que a Carta aos Romanos foi responsável pela profunda renovação espiritual de Wesley. O renovo espiritual que sacudiu a Inglaterra, na verdade, iniciou em 24 de maio de 1738, quando Wesley visitou uma comunidade cristã na rua Aldersgate. Naquela noite, estava sendo lido o Prefácio de Lutero concernente a Epístola aos Romanos. Assim se expressou Wesley em seu diário, às oito horas e quarenta e cinco minutos: “[...] enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo, senti meu coração aquecer-se estranhamente. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi me dada a certeza de que Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me salvou da lei do pecado e da morte”.
A Doutrina da Justificação em Romanos 1-4
Paulo inicia o tema da Justificação em 1.18 e só o conclui em 4.25. Estes capítulos incluem: a necessidade da justificação (1.18-20), o meio da justificação (3.21-31) e, exemplos da justificação (4.1-25).
O assunto principal dos quatro primeiros capítulos de Romanos é a Revelação da Justiça Salvífica de Deus (
Breve Conceito de Justiça Bíblica
O sentido de “justiça” no Antigo Testamento procede de dois termos hebraicos: “tsedeq”, cujo sentido primário é “ser retilíneo”, “ser reto”, “retidão”; e, “mishpāt”, traduzido por “justiça” e “juízo” (cf. 2 Cr 12.6; Ec 12.14; Sl 1.5; Sl 11.7). Os dois termos descrevem tanto o caráter e a justiça divina quanto à fidelidade de Deus
A Justificação em Romanos 3.21-31
Esta perícope pode ser dividida em: Exposição da doutrina da justificação (vv.21-26) e, insuficiência humana para justificar-se (vv.27-31). Segue abaixo dez sentenças extraídas do texto bíblico em apreço que sumariza a doutrina da justificação.1. A Justiça manifestada no Antigo Testamento independe da lei (vv.21,31).
A Justificação Exemplificada: Capítulo 4
Como observamos anteriormente, os três primeiros capítulos de Paulo aos Romanos são os pilares que sustentam toda a estrutura da obra. Nessas três colunas encontramos: 1) a definição do kerygma cristão (1.1-4); 2); o tema da epístola (1.16,17); 3) a condenação dos pagãos (1.18-32); 4) as bases do julgamento divino (2.1-16); 5) a culpa e privilégio dos judeus (2.17-3.8); 6) o pecado e a justificação pela fé em Cristo (3.21-31).
Contexto Judaico
O capítulo 4 é uma apologia contra uma das interpretações rabínicas prevalecente nos dias de Paulo. De acordo com a exegese judaica, Abraão recebera a justiça de Deus (Gn 15.6) por meio de seus méritos e virtudes (Josefo[1]; Ec 44.20; 1 Mc 2.52). Para exaltar o patriarca, um partido judeu afirmava que Abraão cumpriu a lei antes de o Senhor a ter entregue a Moisés (2 Baruque 57.1,2). Alguns deles chegaram ao extremo: afirmavam que não foi o Senhor quem escolhera Abraão, mas Abraão quem escolhera o Senhor.[2] Segundo essa escola, Abraão era o modelo dos que são justificados pelas boas obras, ele mereceu conforme a lógica do trabalho e recompensa. Contra essa abordagem é que Paulo desenvolve o texto do capítulo 4.
Estrutura
O presente capítulo possui três divisões principais:
1. Argumento contra a tese rabínica da justificação pelas obras (vv.1-8):
Proposição: Não foi as obras, mas a fé que justificou a Abraão.
2. Argumento contra a tese rabínica da lei cumprida por Abraão (vv.9-15):
Proposição: Abraão não foi justificado com base na circuncisão.
3. Argumento a favor da adesão da fé de Abraão (vv.16-25):
Proposição: Abraão confiou incondicionalmente n’Aquele que realiza e cumpre suas promessas a partir do nada.
A Experiência dos Justificados: Capítulo 5.1-11
Contexto
Uma vez provada a tese da justificação unicamente por meio da fé, Paulo, a partir do capítulo 5, muda de palavras-chaves. Antes, o binômio justificação (dikaiosynē) e fé (pistis), agora, justificação e vida (dzōē). Não é mais preciso defender a justificação pela fé, mas apresentar os seus benefícios (v.9). Um fato muito importante é a experiência salvífica: “nós”.
Estrutura
O presente capítulo possui duas principais divisões: vv.1-11 e vv.12-21. O estilo literário da segunda parte difere-se completamente da primeira, principalmente pelo paralelismo antitético entre Cristo e Adão, marcado principalmente pela conjunção comparativa “como” (hōs).
a) Paz com Deus (v.1);
b) Acesso ao Pai (v.2);
c) Esperança (vv.3-5a);
d) Habitação de Deus (v.5b);
e) Reconciliação (vv.10,11).
2. O triunfo da graça e vida sobre o pecado e a morte: Contraste entre Adão e Cristo (vv.12-21).
[1] Josefo afirma: “Mas Deus, louvando sua virtude, disse: Não lhe faltará a recompensa, que é justo dar-lhe pelo muito que você realizou” (Antiguidade Judaica, I, 10.3).
[2] O livro apócrifo de Jubileu (12.19) afirma que Abraão aos 14 anos havia abandonado a idolatria, escolhendo ao Senhor: “E naquela noite orou, dizendo: Deus meu, altíssimo Deus, só tu és o meu Deus, foi a ti e à tua soberania que eu escolhi”.
4 comentários:
Caro Esdras,
Que pena que não pude estar na manhã de ontem, em mais um dos nossos abençoados cultos semanais na CPAD, quando o amado irmão esteve ministrando sobre os capítulos 4 e 5 de Romanos! Pelo menos, este post atual nos oferece um pequeno esboço do que foi ministrado. É uma abordagem concisa (pelo espaço), mas rica. Fico a pensar como não terá sido o estudo ontem!
Que bênção estudarmos todas as semanas as epístolas!
Parabéns! E que Deus continue abençoando sua vida e ministério!
Abraço!
Caro Esdras Bentho
Concordo com o pastor Silas Daniel, tem sido uma benção o estudo das epístolas em nossos cultos matutinos.
Acerca de seu estudo, quem não pode estar realmente perdeu, pois foi edificante e auxiliou-nos muito no entendimento texto paulino.
Que Deus continue abençoando sua vida.
Um abraço
Kharis kai eirene
Prezados pastores, Silas Daniel e César Moisés, obrigado pelas palavras motivacionais. Decerto, a reciproca será verdadeira quando os amados mestres ministrarem com a graça e a unção que Deus concedeu aos prezados irmãos. Se as mensagens dos caros amigos são excelentes, minstrando temas gerais, eu imagino como não será seguin do a sistemática de todas as quartas-feiras.
Um abraço
Um abra
Parabens muito bom seu Post!!!!Fik c paz d cristo!!!
Abs!
Faculdade Teológica
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