Introdução
As Sagradas Escrituras não se preocupam em provar a existência de Deus. Sua existência é fato estabelecido. Esta é a razão pela qual a Bíblia não oferece ao homem moderno qualquer prova racional quanto à existência de Deus. “No princípio criou Deus” (Gn 1.1), é o prólogo insofismável das Escrituras. Deus existe antes de tudo e de todos! Nesta simples e contundente afirmação a Bíblia nega:
b) o politeísmo: para o qual existem muitos deuses;
c) o evolucionismo: para o qual a matéria evoluiu "continuamente";
d) o fatalismo: para o qual a vida surgiu do acaso, sem qualquer propósito;
e) o agnosticismo: para o qual Deus não pode ser conhecido.
A segunda parte da proposição sagrada não deixa de ser menos apologética: "... criou Deus os céus e a terra". Nesta verossímil afirmação a Escritura nega:
b) o materialismo: que afirmar a eternidade da matéria. [1]
O vocábulo ateu é formado pelo prefixo grego de negação a (“não”, “provação”, “negação”) e pelo substantivo theos, isto é, “deus” ou “Deus”. Literalmente, atheos significa “sem Deus”. A palavra “ateísmo”, no entanto, é formada pelos dois termos anteriores e o sufixo “ismo” que denota “doutrina”, “sistema”, ou “ensino”. O ateu é aquele que não crê em Deus, enquanto o ateísmo designa a filosofia ou os ensinos dos ateus. Ateísta é aquele que nega a existência de Deus e acredita que existam provas contra a existência do Divino.
O ateísta procura explicar todas as coisas a partir da matéria, do natural e visível. Nas Escrituras o ateísmo professo é considerado mais um problema moral do que filosófico ou existencial. O néscio (hb. nābāl)[2] que nega a Deus (Sl 14.1), não o faz por motivos filosóficos, mas pela suposição prática de que pode viver sem Ele (Sl 10.4). As Escrituras também reconhecem a possibilidade de “suprimir” de modo deliberado e, portanto, culpável, o conhecimento de Deus (Rm 1.18).
Segundo o contexto neotestamentário o ateísta não é apenas aquele que não crê na existência de Deus, mas pode ser também um teísta que não conhece o verdadeiro Deus: “Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele” (1 Co 8.5,6). Em Efésios 2.12 lemos: “naquele tempo, estáveis sem Cristo [khōris Christou], separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus [ắtheoi] no mundo”. (grifo nosso). O termo grego ắtheoi, neste contexto, tem o sentido de “não pertencente a Deus”, “sem Deus”, em vez do significado corrente de negar racionalmente a existência de Deus, como o fazem os filósofos ateus. Esse ateísmo é mais prático e moral do que existencial e filosófico. Observe que ắtheoi em Efésios, não pretende afirmar que a pessoa não crê em alguma divindade, mas que ignora a existência do Deus de Israel. É assim que devemos entender o advérbio de negação khōris, traduzido em diversas passagens por “separadamente”; “à parte de alguém”; “longe de alguém”. Literalmente a expressão khōris Christou, quer dizer “longe de Cristo”, “afastado de Cristo” e não antichristo, isto é, “contrário ou oposto a Cristo”.
2. Politeísmo
A expressão paulina em 1 Co 8.5 theoi polloi, isto é, “muitos deuses”, formam a palavra “politeísmo”. O politeísmo como sistema filosófico-religioso acredita que existem diversas divindades. Segundo Geisler o politeísmo "é a cosmovisão que afirma a existência de muitos deuses finitos no mundo". [3] Para o politeísta há o "deus da água, do fogo, da guerra" e assim por diante. O politeísmo, como anteriormente afirmamos, é uma forma de ateísmo, segundo o contexto do Novo Testamento. O politeísmo está engajado contra o monoteísmo cristão.
3. Agnosticismo
O termo agnosticismo é formado pelo "a" privativo ("não" – negação) e pelo substantivo "gnōsis" [4], isto é, "conhecimento"; literalmente "não-conhecimento". Agnosticismo é a filosofia religiosa que afirma a impossibilidade de se conhecer a Deus. Segundo o agnóstico não é possível saber se Deus existe ou não. O agnóstico critica o ateu e o teísta pelas pressuposições que assumem: a convicção de que Deus não existe e a certeza de que Deus existe. Por extensão, designa aquele que acredita que não existam provas suficientes para provar ou negar a existência de Deus. Teologicamente, o agnosticismo afirma que é impossível ao homem obter conhecimento a respeito de Deus. Não se pode provar ou refutar Sua existência. O agnosticismo é um sistema que contradiz a si mesmo, pois se não é possível saber com absoluta certeza, como eles mesmos estão certos de que não é possível negar ou confirmar a existência de Deus? Quando o vocábulo foi criado em 1869 por T.H. Huxley (1869) era usado para designar o ceticismo religioso.
A palavra “panteísmo” procede do prefixo “pan”, "muito", "tudo", e do substantivo “theos”, literalmente significa “tudo é Deus”. Esta expressão refere-se aos sistemas religiosos que identificam Deus com o mundo. Para o panteísta tudo é Deus. O panteísmo confunde Deus com a natureza, o Criador com a criação: árvores, pedras, terra, água, todos são partes, segundo afirmam, de Deus (Rm 1.23). Deus e a criação são apenas um – indivisível, indissociável, imanente. O panteísmo também defende a imanência radical de Deus, pois crê que Deus está e é tudo. Como já observamos anteriormente, a Bíblia não confunde o Criador com a criatura, muito menos ensina a natureza como emanação divina. Deus, embora ativo na história, está separado das coisas criadas e controla toda a criação. Ele não é idêntico às criaturas, em menor ou maior grau. O panteísmo também nega o caráter pessoal de Deus ao identificá-lo com o mundo material.
O materialismo declara que a única realidade é a matéria, o tangível, as coisas concretas, não espirituais. Não crê na existência de Deus porque não O vê. Todas as coisas se explicam naturalmente e através dos agentes físicos e materiais. O materialismo, freqüentemente, tem sido colocado em oposição à vida, à mente, à alma ou ao espírito. Uma preocupação com a matéria tem significado, tradicionalmente, uma preocupação com os prazeres mundanos e os confortos físicos em contraste com o bem religioso e espiritual.
[1] Ver BAXTER, J.Sidlow. Examinai as Escrituras. São Paulo: Vida Nova, 1992, p.36.
[2] No hebraico "ser insensato", "tolo". O termo é usado para indicar a repugnância ou desprezo do hagiógrafo pelas pessoas que zombam da rocha de sua salvação (Dt 32.15) ou trata o pai com desdém (Mq 7.6). Deus torna o recalcitrante desprezível (Na 3.6). O termo enfatiza que a pessoa tem comportamento vil e vergonhoso. Moisés censurou sua geração, chamando-a de ‘am nābāl, “povo louco” (Dt32.6).Cf. R. Laird HARRIS (et al), Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento,1998,p.909-910.
[3] GEISLER, Norman. Enciclopédia de apologética. São Paulo: Vida, 2001, p. 707.
[4] No grego, conhecimento nos textos de Lc 1.77; 11.52; Rm 11.33; 1 Co 8.7,7,11. Com o genitivo significa o conhecimento pessoal de alguém (Fp 3.8).
12 comentários:
A Paz do Senhor Jesus!
Pr Esdras Bentho, é com grande prazer que lhe comunico que você acaba de ser indicado por meu blog ao prêmio Butefly Awards - For the Coolest Blog I Ever Know, um prêmio comunitário, entre lá e saiba mais detalhes.
Att,
Clébio Lima de Freitas
clebiolima.blogspot.com
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Clébio Lima de Freitas
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a paz do pr: esdras!essa é mais uma lição de tirar-mos o folego,sem sombra de duvida é o tema mais complexo de toda humanidade.pessoas de vez em quando se perguntão serar que DEUS existe realmente?,essas e outras questões são realmente a duvida de muita gente no mundo.mais dou graças a DEUS por CRISTO JESUS, nosso SENHOR,porELE ter nos revelado o seu AMOR,e a sua MISERICORDIA,para conosco,atravez de seu FILHO,e sim entedermos a sua existência e soberania ,sobre tudo e todas as coisas.como fora dito na introdução,as Sagradas Escrituras não faz questão de nos mostrar a sua Existência mais eu creio pela FÉ, como nos mostra a BIBLÍA,em (Hb;11,6).....que DEUS nos abênçoe em nome de JESUS ,AMÉM.
Kharis kai eirene
Prezado Clébio muito obrigado por sua indicação. O Teologia & Graça e seus colaboradores agradecem o vosso apreço. Ainda não conheço ou sei da relevância da indicação ou premiação como o Butefly Awards - For the Coolest Blog I Ever Know. Mais fiquei feliz pela indicação.
Já visitei o seu blog.
Um abraço
Kharis kai eirene
Plezado irmão e colaborador Cléber, concordo com o amigo a respeito da importância e complexidade da temática.
Temos, portanto, o confronto, como abordei no artigo, entre a linguagem apofática e catafática da teologia e filosofias cristãs.
Um abraço
a paz do Senhor pr:Esdras,fiquei feliz pela resposta, ao meu comentario.pastor Esdras,ano que vem o Senhor vai estar aqui em camaçari novamente?,no congresso da escola dominical da adD.....gostaria de saber também qual é o significado ou tradução dessa sua saudação,é em grego!.que Deus o abênçoe em nome de Jesus...um abraço Kleber de sa
Kharis kai eirene
Prezado irmão Cléber, o meu retorno a Camaçari é mais uma decisão da organização do que minha. Se for convidado mais uma vez, terei imensa satisfação em retornar a essa acolhedora cidade.
Kharis (Graça) kai (e) eirene (paz) - Graça e Paz.
Um abraço
Esdras Bentho
Rica, esclarecedora e abençoada abordagem feita neste post!!!
Um abraço fraternal!!!
Kharis kai eirene
Agradeço ao "cursos de teologia" pela mensagem motivadora.
Um abraço
Edras Bentho
Uma aluna de teologia perguntou:
- Professor, Deus existe?
- Sim, claro.
- Não!
- Por que não?
- Existir diz respeito a nós. Deus É!
Apesar da capiciosidade da colocação ela está certa e seu questionamento espelha grande parte dos problemas de compreender Deus que a humanidade enfrenta. Quase sempre estamos querendo enfiar Deus em nosso manequim.
Kharis kai eirene
Prezado irmão Daladier, muito obrigado por sua participação no Teologia & Graça - sempre oportunas e humoradas.
Concordo com a frase "Quase sempre estamos querendo enfiar Deus em nosso manequim". Há pessoas que têm certas "visagens" (visão e miragem) acerca de Deus que contrapõem-se às Sagradas Escrituras. Verdadeiros "manequins" da "carismania".
Um abraço
Esdras Bentho
Parabens muito bom seu Post!!!!Fik c paz d cristo!!!
Abs!
Faculdade Teológica
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