DÁ INSTRUÇÃO AO SÁBIO, E ELE SE FARÁ MAIS SÁBIO AINDA; ENSINA AO JUSTO, E ELE CRESCERÁ EM PRUDÊNCIA. NÃO REPREENDAS O ESCARNECEDOR, PARA QUE TE NÃO ABORREÇA; REPREENDE O SÁBIO, E ELE TE AMARÁ. (Pv 9.8,9)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Os Decretos Divinos e a Origem do Mal (V)






Para abordarmos o tema sobre a origem do pecado e o problema do mal é necessário percorremos os corredores lexicográficos das Escrituras. Entre os vários vocábulos hebraicos que correspondem ao termo mal em português encontramos:

a)‘Āsôn
, literalmente “dano”, “mal”, “prejuízo”, “ferimento”. O termo é traduzido por “desastre” (Gn 42.2, 8) e “dano” (Êx 21.22,23), e refere-se não ao dano físico-congênito, mas ao provocado ou procedente das catástrofes naturais.

b) Chāmās
, literalmente “violência”, “mal”, “injustiça”. Embora o vocábulo seja usado cerca de 67 vezes, o contexto sempre refere-se à violência. Esta palavra tem sido assinalada com o sentido de “violência pecaminosa”. Chāmās não se refere à violência das catástrofes naturais, muito menos às ocasionadas por desastres, mas a extrema impiedade. Essa forma de violência foi responsável pela destruição do povo pré-diluviano (Gn 6.11,13).[1] E sem dúvida, prenuncia a destruição da geração presente.


Nossa geração no mesmo instante em que está febril se decompõe moral, social e espiritualmente na violência extrema e impiedosa. Por todos os lados ouve-se, através da mídia, a respeito da violência praticada na sociedade. Lembro-me que, ao evangelizar em uma comunidade (favela) no Rio de Janeiro, entreguei um folheto para um jovem que estava bebendo cerveja com os companheiros em um botequim. Enquanto o evangelizava, fui interrompido e o evangelizando disse-me: “ – Você salvou uma vida, e o preço que eu cobrei para tirá-la foi essa cerveja que estou bebendo”! Esses sintomas são o megafone divino que anuncia a aproximação da parousia.


A expressão cunhada pela filósofa política Hannah Arendt, "a banalidade do mal", mais uma vez reveste-se de contemporaneidade! Após discutir a respeito da complexidade da natureza humana, a mais importante aluna de Heidegger, abismada com as violentas mortes de seus compatriotas israelitas na Segunda Guerra, alerta para a necessidade de que cada homem evite e esteja atento à "banalidade do mal". Pessoas normais, assevera Arendt, à semelhança de Adolf Eichmann, são capazes de agirem com extrema crueldade!

c) Ra’. Segundo William White, a raiz deste termo tem conotação tanto passiva quanto ativa: “infortúnio”, “calamidade”, de um lado, e “perversidade” do outro. Pode ocorrer em contextos profanos, “ruim”, “repulsivo”, e em contextos morais, “mal”, “impiedade”.[2] O termo, em seus diversos usos, designa as atividades contrárias à vontade de Deus. O Senhor rejeita o mal em qualquer sentido, seja ele físico, filosófico, moral ou metafísico. Nesse aspecto a fórmula técnica “fez o que é mal aos olhos do Senhor” (literalmente, “fazer mal aos olhos de Iavé”) está basicamente associada as deficiências morais dos indivíduos: “Os olhos do Senhor estão em todo lugar contemplando os maus e os bons” (Pv 15.3). Embora o mal moral seja inato ao indivíduo, ele não é a única opção. O bem contrasta com o mal, e mesmo que a natureza humana vil procure sempre aquilo que é mal “aos olhos do Senhor”, o bem deve ser o ideal pelo qual o homem aspira. Deus exortou ao povo de Israel a se desviar do mal, não somente isto, mas uma vez “entrado” nele, ordena ao povo que “saia” do turbilhão de maldade e regresse ao supremo bem: “Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33.11 cf. Dt 13.12; 2 Rs 17.13; 2 Cr 7.14; Zc 1.4).


De onde procede o pecado? Qual a sua origem?

Ao tratarmos o tema “A Origem do Pecado” se faz necessário considerar algumas proposições pertinentes ao tema, ao mesmo tempo em que somos conduzidos por essas considerações dogmáticas em nossas perquirições a respeito desse tema controverso.

1. Deus não é o autor do pecado

Ao considerar o surgimento do pecado no cenário das criaturas espirituais e humanas perguntamos “Como Deus pôde permitir o pecado?” Devemos considerar essa pergunta e outras correlatas com duas respostas básicas: a primeira que trata da natureza de Deus e a segunda com base nos decretos ou planos divinos.

1.1. A Natureza de Deus

A primeira resposta a respeito da origem do pecado afirma que Deus não é o responsável ou autor do mal. Esta proposição está de conformidade com as santas e verossímeis doutrinas das Escrituras. A Bíblia ensina que Deus é:

Santo: “Ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou SANTO e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26); “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou SANTO” (Lv 19.2 cf. 1 Pe 1.16 ).

Justo: “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é JUSTO e reto” (Dt 32.4); “Porque o SENHOR É JUSTO, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face” (Sl 11.7; 1 Jo 1.5; Tg 1.17).

Deus a ninguém tenta: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13).

Não se agrada do Mal: “Pois tu não és Deus que se agrade com a iniqüidade, e contigo não subsiste o mal. Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniqüidade. Tu destróis os que proferem mentira; o SENHOR abomina ao sanguinário e ao fraudulento”. (Sl 5.4-6; cf. 7.11; Rm 1.18).

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Notas
[1] Cf. HARRIS, R. Laird (et all). Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 485.
2]
Cf. WHITE, William. Ra’, mal, aflição; mau, ruim. In HARRIS, R. Laird (et.all). Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1441.

8 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito desse post e seu blog é muito interessante, vou passar por aqui sempre =) Depois dá uma passada lá no meu site, que é sobre o CresceNet, espero que goste. O endereço dele é http://www.provedorcrescenet.com . Um abraço.

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene.

Muito obrigado pelas suas palavras motivacionais. Espero que sempre visite o Teologia com Graça.
Farei imediatamente uma visita no CresceNet.
Um abraço

Anônimo disse...

A Paz do Senhor, Pastor

Alguma chance do Senhor responder meu comentario abaixo, sobre Os Decretos Divinos e a Origem do Mal(4) ? rsrsrsr

Já Grato,

Joabe

daladier.blogspot.com disse...

Excelente este quinto post sobre os decretos divinos, assim como os outros. Para muitos de nós a criação do mal é uma realidade simplista. Essa visão decorre de uma abordagem pontual da Palavra de Deus, e aí está o mérito subliminar dos seus posts: a abordagem panorâmica do assunto.

Esdras Costa Bentho disse...

KHARIS KAI EIRENE.
Prezado amigo Joabe, desculpe-me pelo fato de não ter respondido a pergunta. Isso deve-se que, quando publico um novo post fico acompanhando e administrando mais os comentários recentes do que os anteriores. Já tenho respondido perguntas até mesmo dos post de abril de 2007! Vou ler imediatamente!
Um abraço!

Esdras Costa Bentho disse...

kharis kai eirene

Prezado irmão Daladier muito obrigado por suas palavras motivacionais! Gostaria, caso fosse possível, discutir o assunto também na filoisofia. Entretanto, só posso fazer alguns excertos. Contudo, continuaremos com uma abordagem teológica. ainda temos que discutir muita coia ainda.

Um abraço.

Casamento Eduarda e Gutierres disse...

Pastor Esdras Costa Bentho, a Paz do Senhor!
Alguns teólogos hiper-calvinistas (não sei se esse é o melhor termo), defendem que Deus criou o mal moral, o pecado e os perdidos para cumprir os seus propósitos nessa terra. Gostaria de saber se essa corrente teológica já foi considerada heresia por algum sínodo, concílio ou grupo de teólogos reformados? Pergunto isso, pois pouco se combate essa corrente que se vale pelos extremos, assim como as heresias do teísmo aberto.
Parabéns pelo post!

Gutierres Siqueira
www.teologiapentecostal.blogspot.com

Anônimo disse...

Parabens muito bom seu Post!!!!Fik c paz d cristo!!!
Abs!
Faculdade Teológica

TEOLOGIA & GRAÇA: TEOLOGANDO COM VOCÊ!



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