Angelus Novus - Paul Klee
História. O termo história, procede do grego histōr cujo significado literal é “instruído”; “aquele que sabe”; “juiz”. O histōr, como chamavam os gregos, era um sábio ou mestre que compartilhava o seu saber sobre o passado com outros. O conteúdo ministrado era conhecido como histōria. Desde então, o termo história tem sido definido ambiguamente como “registros do passado” ou “o estudo dos acontecimentos que se passaram”. Segundo Borges, o termo se refere aos “acontecimentos históricos” (a história-acontecimento) que são objetos de análises do conhecimento histórico (da história-conhecimento).[1] História, portanto, é tanto a descrição dos eventos passados quanto o estudo desses mesmos eventos.
Revolução Francesa. Mas, de acordo com Reis, somente após a Revolução Francesa, a história foi redescoberta “seja como produção do futuro, seja como reconstrução do passado”.[2] Nesta acepção, história não se limita a reconstituição do passado, mas a produção do futuro. De um lado temos os historiadores que vêem a história como uma reconstituição fiel do passado e fidelidade à tradição, enquanto de outro, os filósofos, que a viam como uma ruptura com o passado e uma construção do futuro. No entanto, o sentido histórico, “deveria articular conhecimento do passado e produção do futuro, sem romper estas duas dimensões”.[3] Assim sendo, só a história explica qualquer fenômeno humano – fora dela ou do exterior dela, nada que lhe é interior pode ser explicado.[4] Portanto, passado, presente e futuro não são elementos contraditórios, mas interdependentes. A história do presente é uma indagação feita pelo historiador concernente aos problemas contemporâneos. É preciso conhecer o presente e, em história, o fazemos, sobretudo, através do passado, remoto ou próximo. A história e o futuro, são elementos especulativos sob o ponto de vista humano, em que se discutem as tendências e probabilidades e não suas certezas.
Heródoto. Atribui-se ao grego Heródoto, considerado por alguns como o “pai da história”, o emprego do vocábulo para designar o estudo ou a investigação do passado. Todavia, em nossa abordagem, “história”, além de possuir o significado acima expendido, restringe-se ao desenvolvimento e transformações históricas nas quais o próprio Deus intervém. E, a transformação, como afirma Borges, “é a essência da história”.[5]
O termo historicismo foi empregado por Karl Werner, em 1881[6], na obra Giambatista Vico como Filósofo e Pesquisador Erudito, a fim de se referir às principais correntes de pensamento que evidenciavam a estrutura histórica da realidade humana. Entre essas escolas destacavam-se as teorias dialética, hegeliana e religiosa. A primeira é descrita como a história da matéria, do trabalho e da técnica humana. A segunda, da manifestação do Absoluto. Filósofos e historiadores como Wilhelm Dilthey, Karl Mannheim e Arnold Toynbee compreenderam a história como a “essência da condição humana”. O homem, como todos sabemos, é um ser finito, temporal e histórico; é o agente humano que faz a história. A terceira corrente, historicismo religioso, foco de nossa análise, refere-se à história enquanto conhecimento, relato, ou transcrição dos fatos, mas não se limita apenas a estes dados, mas a interpretá-los, apreender a sua significação.
Do ponto de vista cristão, história é o diálogo da graça divina e da liberdade humana, o processo ao longo do qual à vontade e o amor de Deus se manifestam não só na criação do mundo e do homem, mas na sua redenção, na encarnação do Verbo divino, na vida, morte e ressurreição de Cristo e sua vinda, revelada e visível. Portanto, a história visível, concreta, revela o plano divino, os desígnios da santa providência – história e meta-história.
A História como disciplina auxiliar da Teologia, tem sido amplamente inserida nos currículos das Faculdades e Seminários evangélicos em função de sua relevância à compreensão das ciências bíblicas. Essa realidade e metodologia não são estranhas ao contexto acadêmico, muito menos à História de Israel no Antigo Testamento deve ser considerada uma pseudociência por ser tratada fora de seu macro conjunto. Assim como se estuda a História do Direito, da Educação e da Filosofia, sem a pretensão de afirmar que essas abordagens sejam contrárias à História Universal, a História de Israel ou Bíblica é uma contribuição às Ciências do espírito ou ciências histórico-sociais (Geisteswissenschaften). Assim também estudamos:
a) História de Israel no Antigo Testamento;
b) História da Igreja;
c) História das Missões;
d) História da Teologia.
[1] BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. São Paulo: Brasiliense, 1993, p. 48.
[2]REIS, José Carlos. Wilhelm Dilthey e a autonomia das ciências histórico-sociais. Biblioteca Universitária. Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina, 2003, p.1.
[3] Id.Ibid, p.2.
[4] Id.Ibid., p.11.
[5] Op.cit. p.50.
[6] E. Imaz, na obra El pensamiento de Dilthey: evolution y sistema, atribui a data de 1879 para o surgimento do emprego do termo historicismo, exclusivamente relacionado ao historicismo filosófico de Vico.
[7] CHAUÍ, Marilena (et al.). Primeira filosofia: lições introdutórias. 3.ed., São Paulo: Brasiliense, 1985, p.113.
[8] LOPES, Eliane Marta T. Perspectivas históricas da educação. 2.ed., São Paulo: Ática, 1989,p. 24.
[9] MARX. K.; ENGELS. F. A ideologia alemã. In: FERNANDES, F. (org.) Marx, Engels: História. São Paulo: Ática, 1983, p. 194 e 31.
[10] Id.Ibid.
[11] FEBVRE, Lucien. Combates pela história. Lisboa.Presença, 1977. v.I, p.56.
[12] LOPES, Op.cit., p;27
[13] Id.Ibidem.
2 comentários:
Olá professor. Graça e paz.
Se me permite uma pergunta, o que é a meta-história?
A Paz do SENHOR querido irmão1
Parabéns pelo elevadíssimo nível do seu Blog!!!
Sou aluno de história pela UNOPAR;
O que o irmão acha dessa nova "história"...pois tenho observado como se procuram tudo por em crítica...a chamada história tradicional é posta em xeque...
Será que tudo que a história tradicional ensinou está errado?
Quais seriam os riscos para nós os cristãos?
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