Prezados leitores do Teologia & Graça, segue alguns estudos a respeito da história do Concílio Vaticano II. Espero que essa síntese possa auxiliar àqueles que estudam a História da Igreja Moderna, principalmente meus alunos da FAECAD.
HÜNERMANN, P. O “texto” esquecido para a hermenêutica do concílio Vaticano II. In
MELLONI, A.; THÉOBALD, C. (orgs.) Vaticano II: um futuro esquecido? concilium
– Revista Internacional de Teologia. No 312 – 2005/4. Vários
Tradutores. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2005, p.151-171.
Hünermann se propõe a buscar vias para a interpretação dos documentos conciliares. Distingue, por conseguinte, várias propostas suscitadas pela recepção dos textos, a saber: “compromisso”, “incoerência interna” (Pottmeyer), “documentos eivados de compromissos e ambiguidades” (O’Malley), e “pluralismo contraditório” (Pesch e Seckler), além das análises semióticas empregadas ao texto. Contudo, o autor destaca a posição do Ormond Rush que destaca três vias de interpretação: “hermenêutica dos autores”, “hermenêutica do texto” e a “hermenêutica dos receptores”. Mas para interpretar os documentos do concílio é necessário entender-lhe o gênero. Hünermann sugere um “texto conciliar”, cuja natureza especifica é dada pela própria especificidade do concílio. As diversas interpretações dos documentos conciliares, no entanto, ficará a encargo de sua recepção pela Igreja, respeitando-se a autonomia e responsabilidade sobretudo dos leigos.
Hünermann se propõe a buscar vias para a interpretação dos documentos conciliares. Distingue, por conseguinte, várias propostas suscitadas pela recepção dos textos, a saber: “compromisso”, “incoerência interna” (Pottmeyer), “documentos eivados de compromissos e ambiguidades” (O’Malley), e “pluralismo contraditório” (Pesch e Seckler), além das análises semióticas empregadas ao texto. Contudo, o autor destaca a posição do Ormond Rush que destaca três vias de interpretação: “hermenêutica dos autores”, “hermenêutica do texto” e a “hermenêutica dos receptores”. Mas para interpretar os documentos do concílio é necessário entender-lhe o gênero. Hünermann sugere um “texto conciliar”, cuja natureza especifica é dada pela própria especificidade do concílio. As diversas interpretações dos documentos conciliares, no entanto, ficará a encargo de sua recepção pela Igreja, respeitando-se a autonomia e responsabilidade sobretudo dos leigos.
DORÉ, J. O Vaticano II hoje; VISCHER, L. O
ser humano – centro e culminância da Terra? In MELLONI, A.; THÉOBALD, C.
(orgs.) Vaticano II: um futuro esquecido?
concilium – Revista Internacional
de Teologia. No 312 – 2005/4. Vários Tradutores. Rio de Janeiro:
Editora Vozes, 2005, p.172-187.
Doré
desenvolve em sua assertiva três principais mudanças internas operadas pelo
Concílio Vaticano II que o identifica como uma nova fase na vida da Igreja: (1)
No plano antropológico – o fato de o papa renunciar as pompas tradicionais que
o identificava como um príncipe cercado de sua corte; (2) No plano
eclesiológico – a renúncia da Igreja ao poder terrestre e seus atributos; (3) No
plano teológico – uma identificação com Cristo que veio para servir e não para
ser servido. A seguir o autor, apesar de entender que o concílio definiu-se
como “pastoral”, afirma que foi mais efetivo na teologia do que na pastoral,
embora as mudanças tenham ocorridas em ambos setores. O Vaticano II contribuiu
para a passagem de uma Igreja que reúne concílios a uma Igreja que vive conciliarmente.
Vischer
afirma que o Vaticano II não tratava apenas de temas ad intra, mas também ad extra.
Ocupa-se deste último relacionando-o à leitura “dos sinais dos tempos”. Apesar
de citar o ecumenismo, discorre mais especificamente a respeito da questão da
crise ecológica, da exploração dos recursos naturais, e da poluição da água, do
ar e do solo, assuntos não contemplados pelo Concílio. Justifica, no entanto,
que o contexto da época não apresentava uma crise ecológica, como mais
recentemente se notou. O problema agrava, segundo a perspectiva do autor, por
causa de uma antropologia teológica não bíblica: o homem em vez de ser
apresentado em sua relação cooperativa com a criação, é descrito como senhor e
dominador do mundo. As teses do Vaticano II sobre o papel do ser humano no
conjunto da criação, segundo Vischer, apropriou-se do credo da modernidade em
vez de suplantá-lo.
LIBÂNIO,
João Batista. “Contextualização do
Concílio Vaticano II e seu desenvolvimento”. Cadernos Teologia Pública (Instituto Humanitas Unisinos), no
16, 2005, p.5-36.
João Batista
Libâneo, no título em epígrafe, trata das questões que prepararam o cenário do
Concílio Vaticano II, das mudanças paradigmáticas acolhidas pela Igreja
Católica, e a resistência aos ideais mais democráticos do Concílio. Discorre,
portanto, a respeito de quatro passos indispensáveis à compreensão da
importância e necessidade do Concílio, ou seja: (1) Alguns traços da Igreja da
Contra-Reforma; (2) Realidades socioculturais que provocaram a crise desse
modelo; (3) A crise dentro da Igreja, provocada pela entrada da modernidade;
(4) Fatores imediatos que decidiram sobre a convocação e a orientação do
Concílio nos seus inícios; e, (5) Evento conciliar.
No primeiro, traça um perfil da teologia
dualista e dogmatista que caracterizava a Igreja da Contra-Reforma, fincada na
infalibilidade do Magistério Pontifício do Concílio Vaticano I, e na
compreensão da Igreja na pessoa do Papa. No segundo, aborda quatro movimentos que
provocaram a crise do modelo vigente: (1) evolução científica; (2) emergência
da subjetividade; (3) metodologia histórica; e, (4) práxis, ou suspeita de
alienação. No terceiro, elenca a crise que a modernidade provocou na Igreja,
procedente dos movimentos de renovação da vida eclesial, são eles: (1) bíblico;
(2) litúrgico; (3) ecumênico; (4) leigos; (5) teológico; e, (6) social. No
quarto, descreve os fatores que incidiram sobre a convocação e orientações do
Concílio, emoldurando-o: (1) A figura intrigante do Papa João XXIII; (2) Abertura ecumênica; e,
(3) Acolhida do mundo socialista. Libânio descreve alguns fatos singulares do
pontificado e da convocação do Concílio, que provou diversas reações de
conservadores e progressistas. No último, trata do Evento Conciliar,
apresentando as (1) expectativas positivas de João XXIII e o (2) embate
ideológico e institucional, nas quais se confrontaram duas teologias: a
dogmatista e a hermenêutica. Por fim, o autor propõe a “intencionalidade
fundamental do concílio, o diálogo com a Reforma e com a modernidade num
espírito ecumênico e de atualização” (p.30). Conclui o rapsodo, afirmando que
após o Concílio Vaticano II, “a Igreja Católica fez uma entrada na
modernidade e assumiu uma face próxima do homem e mulher de hoje” (p.34).
Texto original disponível em:
Esdras C. Bentho
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