DÁ INSTRUÇÃO AO SÁBIO, E ELE SE FARÁ MAIS SÁBIO AINDA; ENSINA AO JUSTO, E ELE CRESCERÁ EM PRUDÊNCIA. NÃO REPREENDAS O ESCARNECEDOR, PARA QUE TE NÃO ABORREÇA; REPREENDE O SÁBIO, E ELE TE AMARÁ. (Pv 9.8,9)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Beijo na Bíblia

“Mel e leite estão debaixo da tua língua”

(Ct 7.9).

No Antigo Testamento o substantivo beijo, do hebraico neshîqâ, procede de uma raiz primitiva (nashaq) cujo significado básico é pegar fogo, queimar, acender, com a ideia de fixar, amarrar. No hebraico, o verbo beijar significa literalmente tocar levemente. No grego do Novo Testamento, o vocábulo para beijo deriva-se de phileo, amor, amizade, afeição.

O beijo era um costume presente em diversas situações e com significados variados, a saber: No círculo familiar era uma forma de carinho e afeto entre os parentes (Gn 31.28; Rt 1.9). O beijo também era símbolo da adoração e devoção religiosas falsas (1Rs 19.18). Nos relacionamentos entre as pessoas era símbolo de respeito (Êx 4.27; 1 Sm 10.1), saudação (Gn 29.13; 2Sm 19.39), lealdade e dignidade (2 Sm 19.39), lamento (Gn 33.4; Rt 1.14), traição (Mt 26.49), mas também de amor entre os cônjuges (Ct 1.2; 8.1).

A Bíblia também o descreve como expressão da concupiscência e da sedução ao pecado (Pv 7.13). Ele representava também a maior expressão do amor romântico, de acordo com Provérbios 24.26, como também do amor fraterno entre os membros da igreja de Cristo (Rm 16.16). A Bíblia refere-se ao beijo nos lábios (Pr 24.26), nas mãos (Jó 31.27), nos pés (Lc 7.38,45),...

Na literatura poética de Cantares, o beijo romântico é melhor do que o vinho (Ct 1.2) e se faz acompanhar de odores e sabores (Ct 1.2,3; 2.3; 4.3; 5.13; 7.9).

Como afirmara Ben Johnson

“Deixa um beijo no cálice para mim,
E não solicitarei vinho”.
A combinação de mel e leite e o cheiro dos pós aromáticos tornavam o beijo dos amásios mais apreciável (Ct 3.6 ver 4.11). Para eles, o amor é uma combinação de aromas e sabores. É a própria personificação do “amor em delícias” (Ct 7.6).

Junto aos elogios à compleição física dos amásios estava a apreciação da beleza e sedução dos lábios: “os teus lábios são como um fio de escarlata, e tua boca é formosa” (Ct 4.3;1.2); cantava o amado. Ele não apenas elogia as sábias palavras dos lábios de sua amada, como faz a ARC, mas inclina-se à tentação carnuda dos lábios da parceira.

Declamava Ovídio

“Ele viu os lábios dela,
uma coisa tão doce”.
Os dentes sempre alvos, perfeitos (Ct 4.2; 6.6), destacavam a pureza e a apreciação pelos lábios dos amásios. É o amor na estação da primavera, com todo frescor e vitalidade da estação (Ct 2.11-13; 7.13). Eis, portanto, o beijo como símbolo da paixão, do amor, do eros. O beijo envolve algumas zonas erógenas do corpo, o que significa que ele é um canal ou fonte de prazer, que estimula a libido dos amásios. Provérbios 6.28 a esse respeito é categórico: "Andará alguém sobre as brasas, sem que se queimem os seus pés"?

Todavia, o beijo nos lábios de outrem poderia ter um propósito distinto. O beijo de Jacó ao encontrar-se com Raquel, segundo Gower, foi nos lábios (Gn 29.11), assim como o de Judas, o traidor, no Getsêmani (Lc 22.48). Ambos demonstravam afeição, cortesia, no entanto, distinguiam-se quanto ao propósito.

Embora o beijo estivesse presente na cultura do Antigo e Novo Testamentos, parece-me que publicamente a troca de carinho ou carícias entre namorados ou noivos de famílias piedosas não era facilmente tolerado. Digo publicamente, porque o homem sempre foi um transgressor das normas, costumes e tradições humanas.

Durante a ocupação de Canaã, principalmente da Conquista ao final do tempo dos juízes, temos poucas referências ao beijo. Acredito que os hebreus procuravam manter a discrição, para contrastar com a imoralidade e licenciosidade pagãs presente no Antigo Testamento, como afirmo em meu livro A Família no Antigo Testamento.

10 comentários:

Marcello de Oliveira disse...

Shalom!

Prezado Esdras, estou aguardando a resposta ref ao artigo da ishá de Yov.

No tocante ao beijo de Judas, este beijo não representou carinho, afeição, mas, traição. Aliás, não foi um simples beijo, pois a palavra grega "katafilein" usada em Marcos 14.45 significa: beijou demoradamente. O prefixo "kata" demonstra a intensidade na ação. Isto porque sou hebraísta e não helenista, agora imagine se dominasse a língua grega!

abraços, Pr Marcello Oliveira

Ani Ohev et ha Torá ve Berit HaDashá.

www.davarelohim.com.br

Pastor Geremias Couto disse...

Caro Esdras:

Faz tempo que não comento por aqui. Mas sempre passo para dar uma "espiada" e sempre aprender. Que sempre possamos voar como a "águia", porque ela, irmão Esdras... bem, o caro colega sabe.

Recomendações à família.

MINISTÉRIO RELIGARE disse...

Caro Pastor Esdras

Em primeiro lugar agradeço sua visita ao nosso blog e sua disposição em se colocar como seguidor dele. Pode ter certeza que foi motivo de honra para esse escritor iniciante.
Quanto a matéria ela é muito instrutiva, como disse o Geremias Couto: Sempre aprendemos muito em seu blog.

Se me permite um comentário como sugestão, particularmente gostaria que o irmão escrevesse mais - evidentemente dentro de sua disponibilidade.

um abraço de amigo em Cristo que admira o que Deus fez e faz em sua vida.

Pr. Paulo Cesar Nogueira
Ministério Religare

MINISTÉRIO RELIGARE disse...

Caro Pastor Esdras

Em primeiro lugar agradeço sua visita ao nosso blog e sua disposição em se colocar como seguidor dele. Pode ter certeza que foi motivo de honra para esse escritor iniciante.
Quanto a matéria ela é muito instrutiva, como disse o Geremias Couto: Sempre aprendemos muito em seu blog.

Se me permite um comentário como sugestão, particularmente gostaria que o irmão escrevesse mais - evidentemente dentro de sua disponibilidade.

um abraço de amigo em Cristo que admira o que Deus fez e faz em sua vida.

Pr. Paulo Cesar Nogueira
Ministério Religare

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene

Pastor Marcello, muito obrigado por sua contribuição ao Teologia & Graça. Note que citei o “beijo traidor de Judas”, no segundo parágrafo. E quando me refiro ao episódio destacado pelo caro amigo, o adjetivo “traidor” está no aposto. Quando falo do beijo nos lábios, citando Gower, desejava apenas intensificar, uma vez que já havia feito referência ao “beijo traidor de Judas”, que o autor defende que o Traidor beijou o Mestre provavelmente nos lábios. Assim, o motivo do beijo de Jacó era distinto do beijo de Judas, muito embora, por tradição, o beijo deste último fosse considerado de afeto ou de um discípulo ao seu Mestre, como diz Mateus: “Eu te saúdo, Rabi. E beijou-o”. Foi a intenção do ato e não o costume que trouxe a Judas a pecha de traidor. E no caso, estou referindo-me ao costume.
Essa contribuição do amigo, não foi apenas útil como também plausível. Quanto ao estudo da língua grega, o pastor está sendo modesto!!!!

Pastor Marcelo, o irmão não poderia fazer a exegese de Jó 2.9? Não estou com tempo. O texto que apresentei é um aproveitamento de umas perguntas da revista Geração JC.
Abraços

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene
Prezado Pastor Geremias é sempre uma honra tê-lo como participante no Teologia & Graça. Tenho frequentado costumeiramente o seu blog, mas não tenho tomado parte nos últimos debates.
Agora, a “águia” é um mistério!!!!!!
Como diz o Pr. Silas Daniel
Amplexos

Carlos Roberto, Pr. disse...

Caro irmão, amigo e pastor Esdras Bentho,

A Paz do Senhor!

O Teologia & Graça tem se notabilizado pelo conteúdo teológico e especialmente pedagógico.

Obrigado por mais esse estudo sôbre o beijo.

Parabéns pela dedicação.

Um grande abraço!

Seu conservo em Cristo,

Pr. Carlos Roberto

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene

Prezado Pr. Carlos, muito obrigado por sua participação no Teologia & Graça. Grato pelo incentivo e apreço.
Um abraço
Esdras

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene

Prezado Pastor Paulo Nogueira, foi uma satisfação tornar-me seguidor de vosso blog, excelente conteúdo e muita perspicácia na abordagens dos temas.
Obrigado pelo incentivo e apreço, mas às vezes, nossas atividades principais nos impossibilitam até mesmo de responder imediatamente os comentários no blog.

Obrigado pelo apreço.
Esdras Bentho

LéticiaLima disse...

Graça e Paz a todos.

Olá queria tirar uma dúvida! Tenho uma prima que frequenta a igreja evangélica petencostal getsêmane e agora está junta com o ministério hema. E lá eles tem um compromisso q todos os jovens devem fazer. q é quando começa a namorar n pode beijar na boca até o casamento. queria saber se isso está certo? pois em nenhum momento vi isso bíblico. me corrija se eu estiver errada! Espero resposta.

A Paz do Senhor.

TEOLOGIA & GRAÇA: TEOLOGANDO COM VOCÊ!



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