DÁ INSTRUÇÃO AO SÁBIO, E ELE SE FARÁ MAIS SÁBIO AINDA; ENSINA AO JUSTO, E ELE CRESCERÁ EM PRUDÊNCIA. NÃO REPREENDAS O ESCARNECEDOR, PARA QUE TE NÃO ABORREÇA; REPREENDE O SÁBIO, E ELE TE AMARÁ. (Pv 9.8,9)

domingo, 30 de maio de 2010

As visões proféticas de Daniel: Os quatro animais



Daniel, em sua visão (7), contempla os mesmos quatro reinos ímpios e o reino decisivo de Deus que Nabucodonosor havia sonhado no capítulo 2, de uma perspectiva totalmente diferente. A visão de Daniel contrasta-se com o sonho de Nabucodonosor. Este contempla a glória dos reinos da terra sob a perspectiva do homem, enquanto aquele, os mesmo reinos sob a ótica divina. O rei contempla as nações segundo a glória desses povos, mas Daniel conforme a natureza e caráter desses impérios. O sonho de Nabucodonosor descreve a superioridade do reino dos gentios de acordo com o valor que os homens atribuem aos metais nobres, como o ouro, a prata, o cobre, o ferro e o barro. No sonho do rei, a posição e glória do reino dos gentios também são materializadas na representação dos membros do corpo: cabeça, peito e braço, ventre e coxas, pernas, pés e dedos. A honra que os homens atribuem aos membros do corpo humano e a posição desses membros no corpo descrevem a honra e posição de cada um desses reinos na história. Por conseguinte, as nações degenerariam em glória e poder, de império a império. Na visão gentílica, os homens compreendem a glória dos reinos por meio de metais preciosos – do ouro ao ferro –, e da posição dos membros do corpo – superiores e inferiores –, descrevendo assim, a degenerescência dos impérios mundiais da antiguidade. Deus, entretanto, vê os mesmos impérios como bestas feras. Como é diferente o modo de Deus ver as coisas! Ele não se impressiona com a glória deste mundo (Jr 32.17). Contudo, a visão dos animais também corresponde à visão da estátua e de sua glória.

Babilônia - o leão com asas de águia

A primeira besta, representada pelo leão, simboliza Nabucodonosor e a Babilônia, cujo símbolo era um leão. Na visão dos profetas, o reino caldeu é representado com características leoninas. Jeremias (Jr 4.7; 49.19; 50.17,43,44), por exemplo, descrevera a nação como “semelhante a um leão”, mas que possuía asas como de águias (Jr 48.40; 49.22; Lm 4.19; Ez 17.3; Hc 1.8). O profeta Jeremias atribuiu ao império babilônico mais uma imagem que representa a nobreza e superioridade da nação, a águia. Na concepção antiga, essa ave de rapina era a mais nobre, notável pelo seu tamanho, força, agudeza de vista e capacidade de voos altos e ataques inesperados. Representava a perspicácia, astúcia e eficiência do império caldaico e de seu representante, o rei Nabucodonosor. Uma vez que Daniel é intérprete dos escritos jeremianos, entende que as asas de Nabucodonor e da Babilônia foram arrancadas (Dn 4.33; 5.31), perdendo assim, sua destreza, velocidade e vantagem nas batalhas e governo mundial. O profeta Isaías, na famosa perícope de 14.4-23, faz uma sátira à simbologia babilônica: o rei que pretendeu estabelecer seu trono acima das estrelas de Deus, foi precipitado ao sheol, às profundezas abissais, ao reino dos mortos.

Existe uma estreita correspondência entre o leão, a águia e a cabeça de ouro na representação do reino babilônico. A cabeça é uma das partes mais nobres do corpo; o ouro, dos metais; o leão, dos animais terrestres e a águia, das aves. Em cada uma dessas figuras a glória de Nabucodonosor e do seu reino ficam em evidência. As asas de águia (Dn 7.3,4) representam as ações militares dos babilônicos, sua rapidez e inescapabilidade. O leão representa a coragem, superioridade dos exércitos babilônicos e a violência com que os caldeus se dirigiam contra seus inimigos. Desde Jeremias 4.7 e 48.40, a Babilônia é representada por um leão. A representação pelo ouro advém de sua glória já mencionada nos textos de Isaías 13.19; 14.4; Dn 2.37,38.

Continua...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Romanos: A Epístola da Justiça Divina


A epístola de Paulo aos Romanos foi considerada pelo reformador Martinho Lutero o principal livro do Novo Testamento e o mais puro Evangelho. O impacto que as magistrais palavras desta carta causaram no ‘Cisne de Eisleben’ fê-lo afixar na capela de Wittemberg suas ‘noventa e cinco teses’. Outros estudiosos e fiéis têm encontrado semelhante conforto e segurança salvífica ao perlustrar os temas doutrinários contidos em Romanos: A justiça divina; a universalidade do pecado; a fé; a salvação; a justificação; a santificação; Adão e Cristo; a salvação de Israel; e o ministério cristão.
Ocasião e Data
A Carta de Paulo aos Romanos (1.1) foi escrita provavelmente em 57 d.C. na cidade de Corinto, pouco antes da visita do apóstolo à Jerusalém (Rm 15.25-29). A epístola foi ditada pelo Doutor dos Gentios ao amanuense Tércio (Rm 16.22) e entregue à igreja em Roma por Febe, auxiliar da igreja de Cencréia, porto oriental de Corinto (Rm 16.1,2).
A Cidade de Roma
Roma era uma cidade imperial e cosmopolita com cerca de um milhão de habitantes no tempo do Novo Testamento, conhecida, principalmente pela frouxidão moral e relativização dos costumes. A cidade acolhia diversos grupos étnicos e religiosos, dos quais o judaísmo e os judeus eram um dos mais numerosos e importantes. A preocupação do império com a cultura, proselitismo e o fervor da religião judaica desencadeou, em 49 d.C., por meio de um decreto de Cláudio, a expulsão dos judeus de Roma (At 18.2).
A Igreja em Roma
A igreja que estava na capital do Império era mista, composta por cristãos de origem pagã (1.5,6, 18-32), grega (Epêneto, Apeles, Trifena e Trifosa), judaica (Priscila, Áquila, Maria) e romana (Rufo, Júlia). Compunha-se a igreja também de pessoas provenientes das camadas pobres de Roma, sejam escravos ou livres (Amplíato, Asíncrito, Hermas, Nereu, cf. 16.1-23).
Síntese
Aos Romanos está dividido em duas seções principais: doutrinária (1-11) e práticas cristãs (12-16). O vocábulo justiça e o tema Justiça de Deus (1.17), são dois inabaláveis fundamentos que sustentam toda estrutura doutrinária em Romanos.
Experiências de fé salvífica em Romanos
Martinho Lutero: Enquanto professor de Teologia na Universidade de Wittemberg, lecionou a Carta aos Romanos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. À proporção que se aprofundava na epístola, apreciava cada vez mais a doutrina bíblica da justificação pela fé. Segundo Lutero ele ‘ansiava por compreender a Epístola de Paulo aos Romanos’, mas o tema da ‘justiça de Deus’ o incomodava. O reformador considerava a doutrina da justiça divina como a punição de Deus sobre o injusto. Até que, depois de muito refletir sobre o assunto, entendeu tratar-se da ‘justiça pela qual, mediante a graça e a misericórdia, Deus nos justifica pela fé’. Desde então, afirma Lutero, “senti-me renascer e atravessar os portais abertos do paraíso. Toda a Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes a justiça de Deus me enchia de ódio, agora se tornava indizivelmente bela e me enchia de amor. Este texto veio a ser uma porta para o céu”.
John Wesley: O Avivamento Evangélico do século XVIII teve na figura de John Wesley, o seu mais destacado representante. Mas, nem todos sabem que a Carta aos Romanos foi responsável pela profunda renovação espiritual de Wesley. O renovo espiritual que sacudiu a Inglaterra, na verdade, iniciou em 24 de maio de 1738, quando Wesley visitou uma comunidade cristã na rua Aldersgate. Naquela noite, estava sendo lido o Prefácio de Lutero concernente a Epístola aos Romanos. Assim se expressou Wesley em seu diário, às oito horas e quarenta e cinco minutos: “[...] enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo, senti meu coração aquecer-se estranhamente. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi me dada a certeza de que Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me salvou da lei do pecado e da morte”.
A Doutrina da Justificação em Romanos 1-4
Paulo inicia o tema da Justificação em 1.18 e só o conclui em 4.25. Estes capítulos incluem: a necessidade da justificação (1.18-20), o meio da justificação (3.21-31) e, exemplos da justificação (4.1-25).
O assunto principal dos quatro primeiros capítulos de Romanos é a Revelação da Justiça Salvífica de Deus (1.18 a 4.25). A fim de provar a universalidade do pecado (3.9-20,23) e a necessidade de justificação geral (3.22), Paulo apresenta o juízo divino sobre os pagãos (1.18-32) e judeus (2.1-3.20). Do capítulo 3.21 a 4.25, o apóstolo discursa sobre a atuação da justiça salvífica de Deus em Cristo, a fim de justificar a todos os homens (3.24-26). No capítulo 4, a justiça de Deus é demonstrada por meio da vida de Abraão. Este patriarca ao ser justificado pela fé (4.1-12) tornou-se exemplo dos que pela fé são justificados (4.16.25).
Breve Conceito de Justiça Bíblica
O sentido de “justiça” no Antigo Testamento procede de dois termos hebraicos: “tsedeq”, cujo sentido primário é “ser retilíneo”, “ser reto”, “retidão”; e, “mishpāt”, traduzido por “justiça” e “juízo” (cf. 2 Cr 12.6; Ec 12.14; Sl 1.5; Sl 11.7). Os dois termos descrevem tanto o caráter e a justiça divina quanto à fidelidade de Deus em sua Aliança para com os homens (Dt 32.4; Sl 31.1; 45.7; 119.137,144; Pv 16.33; Is 30.18). O Novo Testamento emprega a palavra “dikaiosynē” para designar os termos “justiça”, “retidão”, “justo”, “reto” e “justificação”. O tema da Justiça de Deus inclui uma série de conceitos que abrangem: aprovar o que é bom em detrimento do que é mal (Êx 34.7; Ec 12.4; Hb 1.9); condenar o ímpio e justificar o justo (2 Cr 6.23); à fidelidade do Senhor em seus atos (Ne 9.3; Is 49.7; 2 Ts 3.3); à ira de Deus (Sl 7.11; Na 1.2,3; Mq 7.8-10); a imparcialidade do juízo divino (2 Cr 19.7; Na 1.3); aos seus mandamentos (Mq 6.8) e, a relação entre justiça e salvação (Sl 98.2; Is 45.21;51.5-8; 56.1). A Bíblia afirma que a justiça e o juízo são à base do governo sempiterno de Deus (Sl 89.14; Hb 1.8). São esses, portanto, os fundamentos pelos quais os politeístas e monoteístas serão julgados (Rm 1.18-32; 2.17-29). O primeiro grupo é os sem lei, enquanto o segundo, aqueles a quem a lei foi dada, isto é, pagãos e judeus (Rm 2.12-29).
A Justificação em Romanos 3.21-31
Esta perícope pode ser dividida em: Exposição da doutrina da justificação (vv.21-26) e, insuficiência humana para justificar-se (vv.27-31). Segue abaixo dez sentenças extraídas do texto bíblico em apreço que sumariza a doutrina da justificação.1. A Justiça manifestada no Antigo Testamento independe da lei (vv.21,31). 2. A justiça de Deus se realiza mediante a fé em Cristo, a favor de todos os que crêem (vv.22, 29,30). 3. Todos pecaram, logo, todos necessitam da justificação em Cristo (vv.23,24). 4. A justificação é gratuita por meio da graça e redenção que há em Cristo (v.24). 5. A base inamovível da justificação é a morte substituta e expiatória de Cristo (v.25). 6. A morte vicária de Cristo, satisfez a justiça de Deus (v.25). 7. Deus é justo ao justificar quem vive da fé em Jesus (v.26). 8. A fé é o meio pelo qual o homem alcança a justificação em Cristo (v.26-28). 9. Ninguém tem qualquer mérito para ser justificado à parte da fé em Cristo (v.27). 10. A fé não anula a lei, mas a estabelece (v.31).
A Justificação Exemplificada: Capítulo 4
Como observamos anteriormente, os três primeiros capítulos de Paulo aos Romanos são os pilares que sustentam toda a estrutura da obra. Nessas três colunas encontramos: 1) a definição do kerygma cristão (1.1-4); 2); o tema da epístola (1.16,17); 3) a condenação dos pagãos (1.18-32); 4) as bases do julgamento divino (2.1-16); 5) a culpa e privilégio dos judeus (2.17-3.8); 6) o pecado e a justificação pela fé em Cristo (3.21-31).
Contexto Judaico
O capítulo 4 é uma apologia contra uma das interpretações rabínicas prevalecente nos dias de Paulo. De acordo com a exegese judaica, Abraão recebera a justiça de Deus (Gn 15.6) por meio de seus méritos e virtudes (Josefo[1]; Ec 44.20; 1 Mc 2.52). Para exaltar o patriarca, um partido judeu afirmava que Abraão cumpriu a lei antes de o Senhor a ter entregue a Moisés (2 Baruque 57.1,2). Alguns deles chegaram ao extremo: afirmavam que não foi o Senhor quem escolhera Abraão, mas Abraão quem escolhera o Senhor.[2] Segundo essa escola, Abraão era o modelo dos que são justificados pelas boas obras, ele mereceu conforme a lógica do trabalho e recompensa. Contra essa abordagem é que Paulo desenvolve o texto do capítulo 4.
Estrutura
O presente capítulo possui três divisões principais:
1. Argumento contra a tese rabínica da justificação pelas obras (vv.1-8):
Proposição: Não foi as obras, mas a fé que justificou a Abraão.
2. Argumento contra a tese rabínica da lei cumprida por Abraão (vv.9-15):
Proposição: Abraão não foi justificado com base na circuncisão.
3. Argumento a favor da adesão da fé de Abraão (vv.16-25):
Proposição: Abraão confiou incondicionalmente n’Aquele que realiza e cumpre suas promessas a partir do nada.
A Experiência dos Justificados: Capítulo 5.1-11
Contexto
Uma vez provada a tese da justificação unicamente por meio da fé, Paulo, a partir do capítulo 5, muda de palavras-chaves. Antes, o binômio justificação (dikaiosynē) e fé (pistis), agora, justificação e vida (dzōē). Não é mais preciso defender a justificação pela fé, mas apresentar os seus benefícios (v.9). Um fato muito importante é a experiência salvífica: “nós”.
Estrutura
O presente capítulo possui duas principais divisões: vv.1-11 e vv.12-21. O estilo literário da segunda parte difere-se completamente da primeira, principalmente pelo paralelismo antitético entre Cristo e Adão, marcado principalmente pela conjunção comparativa “como” (hōs).
1. A experiência dos justificados (vv.1-11);
a) Paz com Deus (v.1);
b) Acesso ao Pai (v.2);
c) Esperança (vv.3-5a);
d) Habitação de Deus (v.5b);
e) Reconciliação (vv.10,11).
2. O triunfo da graça e vida sobre o pecado e a morte: Contraste entre Adão e Cristo (vv.12-21).



[1] Josefo afirma: “Mas Deus, louvando sua virtude, disse: Não lhe faltará a recompensa, que é justo dar-lhe pelo muito que você realizou” (Antiguidade Judaica, I, 10.3).
[2] O livro apócrifo de Jubileu (12.19) afirma que Abraão aos 14 anos havia abandonado a idolatria, escolhendo ao Senhor: “E naquela noite orou, dizendo: Deus meu, altíssimo Deus, só tu és o meu Deus, foi a ti e à tua soberania que eu escolhi”.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Identidade Antropológica da Igreja de Cristo


A igreja é constituída de pecadores redimidos por Cristo que, à semelhança de Isaías, está diante do Trono, mas treme em sua humanidade impura. A igreja deve reconhecer sua grandeza – ela é Corpo de Cristo – mas jamais pode se esquecer de suas limitações e fraquezas – o pecado ainda é uma realidade latente, não obstante sua transformação à semelhança de Cristo (Ef 4.13).

A identidade antropológica da ekklēsia não reduz sua grandeza, pelo contrário a traduz. De acordo com Pascal, a verdadeira religião é aquela que permite que conheçamos nossa mais íntima natureza, sua grandeza, insignificância e a razão para ambas; para o cientista e teólogo francês, a fé cristã é a única que tem esse conhecimento [1].

É na relação celíflua com o Logos que os membros da ekklēsia conhecem o verdadeiro propósito de sua criação, redenção e glorificação. Nesse inaudito e glorioso convívio a índole carnal cede para “o novo homem” (ton kainon anthrōpon) que “segundo Deus” (kata Theon) foi criado em verdadeira justiça (dikaiosynē) e santidade de vida (hosiotēs) (Ef 4.24).

Em Cristo, a ekklēsia vive e reflete a verdadeira humanidade, “o novo homem segundo Deus”; o poema (poima) que foi criado en Christō (Ef 2.10). Ao “ter sido feito semelhante aos homens” (homoiōthēnai), Jesus tornará os redimidos semelhantes (homoioi) a Ele (Hb 2.17; 1 Jo 3.2; Fp 3.21). Nenhuma instituição humana cumpre essa função, somente a ministração salvífica da Santíssima Trindade é capaz de transformar pecadores redimidos à semelhança do Filho de Deus, e convertê-los em Corpo de Cristo!

Não são os programas litúrgicos, as inúmeras festividades, o estatuto, as tradições, os bons costumes e as convenções sociais da igreja que transformam pecadores à imagem de Cristo, mas o relacionamento entre o homem e Deus através do sacrifício vicário de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da ação noutética do Santo Espírito.

Diante da realidade da igreja contemporânea mais e mais pessoas são agregadas ao rol da igreja local sem uma profunda transformação de natureza, caráter e vida. Mas há uma Igreja dentro da igreja. Assim como o trigo e o joio são coisas distintas embora cresçam juntos, assim também há muitos joios na igreja local que crescem com os trigos da Igreja universal, santa e uma.

Ainda que esta seja a natureza transformacional da ekklēsia – organismo espiritual, santo e universal – a igreja também vive suas limitações locais como corpo e membro uns dos outros. A natureza una, espiritual e santa do Corpo de Cristo opõe-se à realidade social, cultural e humana da igreja visível, principalmente enquanto estivermos in partibus infidelium, isto é, entre os infiéis. O sentido de opor neste caso não é o de “oposição”, “impugnação”, mas como no latim opponere, isto é, “pôr na frente”.

É possível, portanto, distinguir satisfatória e adequadamente a natureza da Igreja universal da local. Assim como é possível distinguir a Igreja, comunidade dos redimidos, da congregação de Israel no deserto. Bultmann afirma que a “pergunta pelo conceito de Igreja” é decisiva para o cristianismo [2]. E a resposta para essa pergunta acha-se principalmente nas páginas neotestamentárias.

Este texto faz parte de nossa mais nova obra, Igreja: Identidade e Símbolos que será lançada pela CPAD no início de Junho de 2010.



[1] PASCAL, B. Mente em chamas: fé para o cético e indiferente. Brasília: Editora Palavra, 2007. p. 173.

[2] BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Teológica, 2004, p.140.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

José e Uzias: Paradigmas da prosperidade

A prosperidade no Antigo e Novo Testamento. No Antigo Testamento a palavra hebraica para prosperidade é tsälëach. O vocábulo significa "ter sucesso", "dar bom resultado", "experimentar abundância" e "fecundidade". Já em o Novo Testamento, o vocábulo usado é euodóö, que significa "ir bem", "prosperar", "ter sucesso". Na Almeida Atualizada, a palavra "prosperidade" aparece vinte e três vezes, enquanto na Corrigida onze (Sl 30.6; 35.27; 73.3; 122.7; Pv 1.32; Ec 7.14; Jr 22.21; At 19.25; 1 Co 16.2). Se acrescentarmos as palavras "próspero" e "próspera" teremos muitas outras ocorrências nas duas versões. Portanto, a Bíblia tem muito a ensinar a respeito da prosperidade.

A prosperidade exemplificada na vida de José. No Antigo Testamento, o termo é usado para referir-se ao sucesso que Deus deu a José no Egito (Gn 39.2,3,33). Se tomarmos a vida de José como exemplo, poucos diriam que a trajetória do menino sonhador foi de sucesso: odiado pelos irmãos, vendido aos ismaelitas, escravo e encarcerado no Egito. Quem afirmaria que José foi um homem próspero? A Bíblia. No conceito da teologia da prosperidade e triunfalista, José somente foi bem-sucedido no final da carreira. Mas, anteriormente ele não era abençoado por Deus? Era. Mas apenas os que compreendem o que de fato é a verdadeira prosperidade são capazes de compreender o sucesso em meio ao ódio, castigos e prisões (Gn 45.5,7-9). O plano dos irmãos de José era matá-lo, porém Deus interveio conservando-lhe a vida (Gn 37.20-22). Os mercadores ismaelitas poderiam vendê-lo para qualquer outra tribo ou povo, mas por que o Egito? Porque Deus o estava conduzindo até a terra dos faraós. No Egito, poderia ser vendido a qualquer nobre, mas por que a Potifar? Porque era na casa de Potifar que ele enfrentaria a mais dura prova até ser levado ao governo do Egito. Deus estava em todas as circunstâncias guiando os passos de José (Sl 37.23). A prosperidade na vida de José não é medida pelo grau de privilégios que ele desfrutou até ser governador, mas em cumprir a vontade de Deus em todas circunstâncias e vicissitudes.

A prosperidade exemplificada na vida de Uzias. A Escritura afirma que Uzias "buscou o SENHOR, e Deus o fez prosperar"(2 Cr 26.5). No contexto bíblico, a verdadeira prosperidade material ou espiritual é resultado da obediência, temor e reverência do homem a Deus. Uzias fez o que era justo aos olhos do Senhor e, como recompensa, Deus lhe deu sucesso em tudo o que fazia. José era justo, mas a sua retidão não lhe trouxe prosperidade imediata. Uzias, no entanto, enquanto permaneceu fiel ao Senhor prosperou em tudo o que fez. Porém, a Escritura afirma que o coração de Uzias se exaltou e transgrediu este contra o Senhor, perdendo toda honra que o Eterno houvera concedido (2 Cr 26.16-23).

Na vida de Uzias observamos a prosperidade condicionada à obediência, temor e reverência a Deus (2 Cr 26). O rei era próspero enquanto permanecia fiel ao Senhor. Na vida de José, observamos justamente o contrário. Ele permaneceu fiel por toda a vida, mas esta fidelidade não se traduziu em bênçãos e sucesso material imediatos. Uzias começou bem e terminou mal. José começou odiado e como escravo e terminou como governador do Egito. O equilíbrio entre os dois exemplos é a fidelidade a Deus. Seja fiel a Deus em todas as circunstâncias!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

CPAD News: Novidade na Web


Nesta sexta-feira, dia 7, na cidade de São Paulo, ocorreu o lançamento do Portal de Notícias da Casa Publicadora das Assembleias de Deus, o CPAD News. Cerca de 100 pessoas compareceram ao evento, realizado na manha de hoje.


Entre os convidados estiveram presentes o presidente do Conselho Administrativo da CPAD, pastor José Wellington Costa Junior; o diretor-executivo da CPAD, Dr. Ronaldo Rodrigues de Souza; o chefe de Jornalismo da CPAD e editor-chefe do CPAD News, pastor Silas Daniel; o gerente do Setor de Comunicação da CPAD, Rafael Paixão; e o chefe do Setor de Web da Casa, Newton Cezar.


A CPAD, já consagrada como a maior editora evangélica da América Latina, sagra-se mais uma vez como uma empresa cristã preocupada não apenas com a evangelização do mundo, mas também em informar a cristandade a respeito dos assuntos relevantes de nosso tempo. Trata-se de um importantíssimo passo que a CPAD dá em direção ao futuro, por meio de seu eficientíssimo Diretor Executivo, Dr. Ronaldo Rodrigues de Souza.


O CPAD News é o primeiro canal de notícias pertencente a uma editora cristã confessional. A iniciativa, segundo o Diretor da editora, é atender a igreja, trazendo notícias de todo o mundo sob uma ótica bíblica. De acordo com o Dr. Ronaldo Rodrigues de Souza, esse novo canal da editora funcionará como porta-voz do público que está interessado em uma notícia que tenha tanto qualidade profissional como também abordagem bíblica e lúcida, a fim de trazer esclarecimento para os membros da igreja que recebem todo o tipo de informação. Ainda afirma que um dos principais objetivos do CPAD News é que o Portal seja um farol, não somente para os crentes, mas uma referência cristã de mídia de informação para aqueles que são descrentes.


O CPAD News, portanto, não apenas dará informações cristãs do Brasil e do mundo, como também interpretará alguns fatos e notícias sob a égide e cosmovisão cristãs. Para lograr êxito nessa missão, o CPAD News associou-se às principais agências de notícias do mundo, como por exemplo, a France Press e a Agência Estado. Pastor Silas Daniel, editor-chefe do CPAD News, afirma que em síntese, o portal terá as principais notícias do Brasil e do mundo numa perspectiva cristã.


O CPAD News também conta com um time de colonistas já conhecidos na blogosfera cristã: Pr. Silas Daniel (O Cristão e o Mundo), Pr. Ciro Zibordi (Apologética Cristã), Pr. César Moisés, (Fé e Razão) Pr. Esdras Bentho (Cultura Cristã) e Pr. Valmir Nascimento (Enfoque Cristão).


“Utilizando os mesmos recursos dos maiores portais de notícias do Brasil, o CPAD News atende ao principal quesito da informação na internet: tempo real. Notícias do universo cristão no Brasil e no mundo, ampla cobertura de notícias de interesse geral atualizadas a todo o momento, conteúdos exclusivos e interatividade através de inúmeros recursos tecnológicos estão à disposição dos usuários em www.cpadnews.com.br. Com a iniciativa, a editora passa a incrementar a sua presença em todas as mídias de nosso tempo” (CPAD News).


Confira nossa coluna: http://cpadnews.com.br/blog/esdrasbentho/

TEOLOGIA & GRAÇA: TEOLOGANDO COM VOCÊ!



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