DÁ INSTRUÇÃO AO SÁBIO, E ELE SE FARÁ MAIS SÁBIO AINDA; ENSINA AO JUSTO, E ELE CRESCERÁ EM PRUDÊNCIA. NÃO REPREENDAS O ESCARNECEDOR, PARA QUE TE NÃO ABORREÇA; REPREENDE O SÁBIO, E ELE TE AMARÁ. (Pv 9.8,9)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Professores Desnecessário à Igreja: O Leigo-Desleixado


No artigo anterior, descrevemos mais o tipo de professor que não desejamos para a Igreja deste novo milênio do que as qualidades, interesses e aptidões, se assim podemos considerar, dos ensinantes necessários à igreja de hoje. Todavia, pretendo continuar com essa temática. Embora não seja difícil descrever o professor ideal para a Igreja contemporânea, parece-me ainda oportuno, sob outro prisma, discorrer a respeito do professor desnecessário à igreja na modernidade líquida, para citar Z. Bauman.

Leigo-desleixado. O primeiro tipo de professor desnecessário à igreja contemporânea é o leigo-desleixado. Por leigo entendo aquele que não tem formação pedagógica. Nessa categoria temos milhares de professores nas Escolas Dominicais atuando sem formação pedagógica formal. Eu mesmo iniciei a prática da educação cristã como professor leigo.

Ao passar pelos corredores da história da educação brasileira, ou conferir as estatísticas modernas a respeito da formação do professor, encontrar-se-á o leigo transitando e atuando na educação infantil e primária. Da reforma pombalina [1] ao final da Década da Educação [2], a presença do professor leigo é incontestável.

A proliferação de professores sem qualificação pedagógica é muito frequente nas áreas excluídas e pobres dos estados brasileiros, principalmente nas zonas rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. As características mais comuns desses esforçados voluntários da educação são:

  • ensino fundamental incompleto (muitos estudaram apenas até a 4ª série); e
  • falta de habilitação técnica [3].
Contudo, fizeram e ainda fazem o que podem para ensinar o pouco que sabem à criança, ao jovem e adulto esquecidos pelo poder público. Observe ainda, essa realidade social não é diferente da que encontramos em muitas escolas dominicais no Brasil.

Para atender a demanda e qualificar esses voluntários, o Ministério da Educação (MEC), em 1999, criou o Programa de Formação de Professores em Exercício (PROFORMAÇÃO), que, sendo um curso de Ensino Médio, procurava habilitar os leigos para o magistério na modalidade EaD – Ensino à Distância [4]. Os professores assim formados estariam aptos para trabalharem na Educação Infantil, nos quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, e, consequentemente, na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Mesmo assim é possível questionar a qualidade dessa formação. Essa realidade torna-se ainda mais complexa quando observada na perspectiva das creches e casas de acolhimento, mas essa temática está longe dos objetivos aqui propostos. Por conseguinte, a realidade verificada na sociedade brasileira não é diferente daquela que encontramos em nossas igrejas, uma vez que a comunidade cristã está inserida na sociedade e socialmente a reflete.

Retornando à perspectiva eclesiástica, o crescimento e fortalecimento das igrejas protestantes no Brasil [5] deve-se, acima de tudo, ao trabalho do leigo – aquele que não foi ordenado às hierarquias eclesiásticas. O trabalho realizado pelo leigo foi até mesmo reconhecido e defendido pela cúria católica romana [6]. Entre nós, pentecostais, não é novidade aquilo que outros estão descobrindo mais recentemente. Mas a comparação é apenas fugidia e retórica. Ser leigo ou exercer um dos ministérios laicais entre os católicos não tem o mesmo significado que atribuímos ao exercício do leigo, por exemplo, na Assembleia de Deus, ou igrejas pentecostais – que cresceram por meio do ministério dos leigos. O laicado entre os católicos é organizado e dirigido [7]. Acontece que leigo para a cúria romana é, correndo o risco de uma simplificação exacerbada, aquele cristão (ele ou ela) que não é ordenado, e, não significa, como já observamos, e pretendo afirmar acerca dos pentecostais, um sujeito sem formação ou qualificação para o exercício do ministério, sem compreender sua vocação e missão profética no mundo.

A essa altura de nosso artigo, posso correr o risco de classificar alguns tipos de laicado:


  • a) leigo, em sentido próprio, isto é, não ordenado;

  • b) leigo-prático, sem qualificação ou formação, mas que exerce a função no lugar de um qualificado;

  • c) leigo-desleixado, o negligente, preguiçoso, descuidado.

Assim, não
vejo qualquer problema em ser leigo em sentido próprio na igreja. Eu mesmo, repito, iniciei o ministério de ensino como leigo durante muitos anos (sem ser ordenado ao ministério e sem qualificação pedagógica formal). Contudo, existe uma diferença entre o leigo das categorias “a” e “b” com o da categoria “c”, o desleixado.

O primeiro não foi ordenado ao ministério, mas, potencialmente, é um obreiro. Ele possui ou está em processo de formação e até mesmo de ordenamento, e mesmo que não seja assim, ele é qualificado para o exercício docente.

O segundo exerce uma função, no caso a docência, mesmo sem estar formalmente qualificado. Ele é, como afirma Martins, “professor prático experimentado-leigo na docência”[8]. Essa classe de professor não possui a teoria que deve embalar a formação, mas desenvolveu uma prática que o “qualifica”, pela experiência e conhecimento, ao exercício magisterial, mesmo que limitado. Embora o leigo-prático não tenha a formação técnica ou acadêmica, ele se preocupa com sua formação, fazendo aqui e ali, cursos de pequena duração para o exercício do magistério eclesiástico. É fácil identificá-lo:

(1) sua presença é certa em seminários para professores da ED;

(2) sempre está presente nas reuniões de professores;

(3) busca capacitação adequada;

(3) costuma variar os métodos em sala de aula, conforme a necessidade de seus alunos;

(4) busca formação teológica, seja Básico, seja Médio, ou Bacharel em Teologia;

(5) reconhece suas limitações e, caso não tenha completado os estudos, empenha-se em concluí-los para exercer o ministério mais eficientemente;

(6) não se aparta dos livros de teologia, didática e formação geral;

(7) tem em grande estima aqueles que, como ele, se dedicam ao munos docendi (ministério do ensino);

(8) se esforça para aprender e melhorar como pessoa cada vez mais.


O terceiro, o leigo-desleixado, diferente dos anteriores, não tem qualquer interesse em sua própria formação. Ele é fácil de identificar, pois, como o próprio termo designa, é indolente, preguiçoso, relapso e não tem qualquer interesse em ser um docente qualificado. Está mais interessado no título e na ocupação, que lhe dão status na comunidade, do que preocupado em exercer o magistério cristão com eficiência. Ele:

(1) falta constantemente aos seminários para professores;

(2) dificilmente aparece nas reuniões de professores;

(3) enfada aos alunos pela falta de método e didática;

(4) não tem qualquer interesse em buscar formação teológica, na verdade, ele é contra a teologia;

(5) jamais reconhece suas limitações e não tem qualquer interesse em estudar ou concluir os estudos;

(6) não lê qualquer manual didático, com exceção da Bíblia a qual não entende apropriadamente;

(7) critica os professores que se dedicam ao magistério cristão porque entende que o dom é suficiente para o desempenho do munus docendi;

(8) é desleixado com sua própria formação.


É possível restaurar o sabor do sal depois de insosso?, pergunta o Mestre dos mestres. Essa última classe de professor não está qualificada para enfrentar os modernos desafios do ofício docente. A igreja contemporânea, preocupada com os desafios modernos, externos e internos, não deve tolerar em suas fileiras magisteriais professores que são entraves ao crescimento do Corpo de Cristo.

Ora, se o motor do carro entra em pane, o motorista leva o veículo ao farmacêutico ou açougueiro? É claro que conduz para o mecânico, aquele que é especializado. Suponhamos que uma pessoa repentinamente sofra do coração e, ao chegar na sala cirúrgica, vê um indivíduo com um macacão cinza, todo sujo de graxa, com mãos grandes e grossas, abrindo uma caixa de ferramenta e retirando uma chave de grife, martelo, alicate, furadeira... O paciente atônito, com a voz trêmula e olhos esbugalhados, pergunta:

- o senhor é o cirurgião?

Ele, sem confiança, responde:

- É que o cirurgião não está, e o hospital imaginou que pelo fato de eu consertar motor de carros estou apto para fazer cirurgias no coração.

Se o paciente não morrer de susto, certamente morrerá na cirurgia. Se costumamos levar nossos aparelhos aos profissionais para que possam consertá-los; ou temos o hábito de consultarmos especialistas, por qual motivo os pais devem levar seus filhos todos os domingos para assistirem aulas com professores dominicais desqualificados? Os objetos valem mais do que as pessoas? O ministério de ensino é tão vulgar a ponto de qualquer um poder exercê-lo?


Notas
[1] Marques de Pombal (1699-1782) foi o responsável pela expulsão dos jesuítas do Brasil e pela reforma educacional, conhecida como “reforma pombalina”.

[2] A Década da Educação foi uma iniciativa política e educacional, cuja Lei 9.394/96 , Art. 87 § 4º estabelecia que até 2006 (isto é, de 1996 a 2006) somente seria admitidos como educadores professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço.

[3] De acordo com o Dicionário Interativo da Educação Brasileira em 1999, cerca de 30%, dos 456 mil professores de ensino fundamental no Norte, Nordeste e Centro-Oeste não tinham habilitação para lecionar. Ainda, de acordo com dados do MEC, do universo de professores leigos existentes no País, na mesma época, cerca de 113 mil não haviam concluído sequer o ensino fundamental. Segundo dados do MEC, o Proformação conseguiu diminuir o número de professores leigos no Brasil para 45 mil, em 2001. Ver: http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=92 . Consulta feita em 27 de jan de 2012.

[4] Ver http://proformacao.proinfo.mec.gov.br/

[5] Para entender o que digo com essa expressão, veja, por exemplo, MENDONÇA, A. G.; VELASQUES FILHO, P. Introdução ao Protestantismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1990. Hoje há obras mais atualizadas, mas apenas para lhe servir de referência.

[6] Conferência dos Bispos do Brasil: Missão e Ministérios dos Cristãos Leigos e Leigas. Edição Aprovada na 37ª Assembleia Geral da CNBB. Itaici – SP, 22 de abril de 1999. Disponível em < http://www.arquidiocese.org.br/media/missaoeministeriosdoscristaos.pdf&gt. Consulta feita em 27 de jan de 2012.

[7] Eles têm, por exemplo, um Pontifício Conselho dos Leigos, definição das atividades ministeriais que podem ser exercidas pelos leigos..., são organizadíssimos.

[8] MARTINS, M.A.V. O professor como agente político. São Paulo: Edições Loyola [?], p.18. Coleção “Educ-ação” – 13.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Novos Professores para uma Nova Igreja


Não haverá uma nova safra de crentes se não houver uma nova classe de professores da Escola Dominical! Não se pode imaginar um futuro para a igreja sem educadores. Muitos acreditam que o professor da Escola Dominical é dispensável. E de fato o é, mas de qual docente estamos falando?

Certos professores são dispensáveis, assim como certos pregadores também o são. É claro que assim como não posso generalizar o último também não devo fazê-lo em relação ao primeiro. A falácia de que os professores dominicais são desnecessários à igreja é uma tentativa malsã de, parafraseando Paulo Freire, “retirar a boniteza do sonho de ser professor de tantos jovens cristãos nesse Brasil”.

Em um país que ideologicamente aprendeu a escamotear e a desvalorizar o professor, não ignoro que muitos líderes cristãos também desprezem esse importante e insubstituível ofício na igreja. Nalgumas vezes, eles parecem ter razão. Alguns docentes há muito deveriam ter pendurado a batuta:

  • Ainda continuam lendo integralmente a revista da Escola Dominical;

  • Não usam qualquer tipo de método;

  • São incapazes de comentar com profundidade teológica o tema da lição;

  • Reclamam que o assunto é repetido;

  • Além de se colocarem nos holofotes de seus cargos eclesiásticos.

Sim, esse é o perfil do professor desnecessário, substituível, que não quero para a igreja deste novo milênio. Tal ensinante é inútil à renovação da igreja.
Ele é:

  • Monocultural, como afirma Luiza Cortesão [1], incapaz de abrir-se ao novo, à renovação;
  • Taciturno, perdeu a alegria de ensinar e, por pouco, não perde a satisfação de viver.
  • Dogmático, protege os erros teológicos do sistema para preservar sua própria posição na denominação

  • Iludido, pensa estar cumprindo os propósitos do Reino de Deus. Na verdade, ele se colocou na porta da EBD e não permite que ninguém mais a atravesse.

  • Resistente, não admite qualquer mudança de paradigma na educação cristã, embora ele mesmo não saiba explicar suas práticas de ensino-aprendizagem.
Não resta dúvida, essa classe de professor perdeu o rumo, o telos, o sentido daquilo que faz e não consegue uma resposta às perguntas: por que ensino? por que sou professor?

Entendo que professores renovados produzirão uma igreja viva e saudável. Livre das enfermidades da religião, que nada mais são do que fábricas de parasitas e cruzados, esses educadores resgatariam toda riqueza que o carisma e o ofício de mestre possuem.

Mas para que isso ocorra, urge uma profunda mudança (metanóia) nos paradigmas educacionais que sustentam, à quase cem anos, a educação dominical. A Formação dos professores dominicais nas Assembleias de Deus no Brasil pouco mudou desde as cruzadas incansáveis de nosso paladino e mestre, Pr. Antonio Gilberto. O árduo trabalho desenvolvido por ele e sua equipe em todo Brasil melhoraram quantitativa e qualitativamente o perfil do professor das Assembleias de Deus.

A nossa denominação pode e deve se orgulhar de sua marcha incansável, e dos heróis e heroínas que se ofereceram como libação a favor de uma igreja madura e comprometida com o Reino de Deus.

Todavia, não podemos viver relembrando as glórias do passado se nos esquecemos dos desafios do presente e inquietações do futuro. O mundo mudou! Não é mais o monobloco de antigamente. E, isto, companheiros (as) exige uma nova classe de professores, um novo paradigma educacional, e uma nova forma de lidar com os desafios da modernidade líquida.

Notas
[1] CORTESÃO.L. Ser professor: um ofício em risco de extinção. São Paulo: Cortez, 2002.
[2] FREIRE, P. Educação e mudança. 31.ed., São Paulo: Paz e Terra, 2008.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Marketing para a Escola Dominical: primeira leitura




I. Marketing e Igreja: Propósito e Finalidades


1. Definição

Marketing ou “márquetin” é um termo que procede da língua inglesa que significa “mercadologia”, isto é, o “estudo do mercado”. Procede de market cujo significado é “mercado”, “comercializar”, “vender”, “colocar no mercado”. De acordo com Raimar Richers, autor de Marketing, uma visão brasileira, o vocábulo pode ser definido como “a intenção de entender e atender o mercado”.

Isto significa que, se a Escola Dominical pretende atender os seus alunos com eficácia é necessário:

CONHECÊ-LO
(saber quem ele é)

ENTENDÊ-LO
(identificar o que ele quer, para traçar um plano de marketing)

ATENDÊ-LO
(em suas necessidades)

Portanto, está incluso nas estratégias de marketing para a Escola Dominical (ED):

a) Divulgar a ED;

b) Conquistar e Fidelizar alunos;

c) Fortalecer a imagem da ED;

d) Enfatizar os diferenciais da ED.

Contudo, de modo algum o marketing deve ser confundido com a propaganda. Esta, não é marketing, mas uma das ferramentas usadas por ele. Portanto, o marketing como teoria de mercado é constituído pela reunião de ações estratégicas que visam:

1. Lançar e sustentar um produto ou serviço;

2. Conquistar e manter clientes.

Mas, o marketing não se restringe apenas a produtos e serviços, pois suas ferramentas são empregadas em diversos contextos e situações. É usado para “vender” a imagem de um político; difundir uma idéia ou ideal, além, é claro, de servir ao caráter egocêntrico de nossa época mediante o mau uso do marketing pessoal.

2. Marketing Comercial e Igreja – objeto e objetivos

O marketing originou-se a fim de atender as necessidades de mercado, muito embora não esteja limitado aos bens de consumo, mas passível de ser aplicado a diversos contextos e situações, como já observamos. Somente ao estudarmos a história, conceito e evolução do marketing, assim como as necessidades industriais e comerciais que lhe deram origem, é que podemos traçar um paralelo consciente e crítico entre os propósitos do marketing e da igreja. Logo, os objetivos do marketing não são os mesmos da Igreja.

Propostas do Marketing Comercial


1. Agradar ao cliente.

2. Obter lucro para a empresa.

3. Mercadológico.

4. Centrado em satisfazer as necessidades materiais e efêmeras das pessoas.


Propósitos da Igreja

1. Agradar a Deus.

2. Ganhar almas para o Reino de Deus.

3. Evangelístico.

4. Centrada em satisfazer as necessidades espirituais e eternas dos homens

A igreja, como instituição eclesiástica, que considera necessário o uso de algumas estratégias de marketing, deve ser cuidadosa na aplicação dos mesmos, usando-os com sabedoria, parcimônia, e, segundo a sua missão, conforme as Escrituras (Mt 28. 19, 20; Mc 16.15). No entanto, deve lembrar que nenhuma ferramenta humana substitui a oração, o poder contagiante da santidade de vida de seus membros, à ação viva e poderosa do Espírito Santo na igreja. O “marketing” que sempre acompanhou o movimento pentecostal não foram às estratégias mercadológicas, mas os sinais miraculosos dos carísmas, a transformação das centenas de vidas presas pelos aguilhões do pecado e o avivamento bíblico, voltado para o comprometimento com as Sagradas Escrituras. A Bíblia, na verdade, é contrária a qualquer ação, seja filosófica, social ou mercadológica que se oponha à autenticidade do Evangelho ou que seja um subterfúgio ao poder do Espírito (1 Co 2.1-16). Muitos porém, no afã de serem bem-sucedidos no ministério, falsificam a Palavra (2 Co 2.17) e contrabandeiam para o Evangelho certos fundamentos alheios e perigosos para a pureza de sua proclamação (2 Pe 2.1).

Portanto, as estratégias de marketing para a Escola Dominical devem ser usadas como recurso metodológico auxiliar, servil à gestão educacional, e não como substituto da própria gestão. Como afirma César M. Carvalho

Respeitando o fundamento que é o Senhor Jesus Cristo, o obreiro da Escola Dominical pode utilizar o marketing para a Escola Dominical como um meio, mas jamais como um fim... (Marketing para a Escola Dominical. RJ: CPAD, 2005, p.162).

3. Preparação Estratégica da Escola Dominical.

As estratégias de marketing devem ser contempladas na gestão da própria Escola Dominical. Não deve ser um objeto estranho à gestão, mas incorporado ao planejamento anual da Escola. De pouco adianta o uso das estratégias de marketing, se a Escola Dominical não está apta ou em condições de manter os novos alunos.

3.1. Visão Estratégica

Vejamos dois exemplos bíblicos que ratificam o emprego do planejamento na gestão da Escola Dominical:

Exemplo 1

Texto: Lucas 5.36-38.

Proposição: Uma veste velha não suporta o remendo de pano novo, pois rompe o tecido, e faz-se maior rotura; assim como não se põe vinho novo em odres velhos, pois o odre ressecado e rachado não suporta a fermentação do vinho novo.

Lição: A convivência do novo com o velho gera conflitos, algumas vezes, prejuízos, pois perde-se a ambos. O ideal é que o odre velho seja recuperado, preparado, renovado a fim de suportar o vinho novo.

Conclusão: A aplicação de uma estratégia de marketing na Escola Dominical não deve anteceder a avaliação e reforma da própria escola.

Exemplo 2:

Texto: Lucas 14.28-30.

Proposição: Toda construção deve ser precedida de um planejamento. Sem o estabelecimento de um plano estratégico, não se conclui satisfatoriamente uma obra, podendo o construtor ser vítima de escárnio ou motejo.

Lição: Planejar, primeiro ato para qualquer empreendimento, inclui um programa com objetivos definidos, cálculo das despesas e verificação dos recursos necessários à construção.

Conclusão: A aplicação das estratégias de marketing na Escola Dominical deve ser um empreendimento organizado, projetado de acordo com as necessidades e condições da igreja.

Devemos lembrar que o pescador prudente antes de jogar as redes ao mar, verifica as condições da pescagem (Mc 1.19), a fim de que os peixes não escapem ou a rede não se rompa devido a grande quantidade de animais marinhos (Jo 21.11).

3.2. Check-list das Condições da ED.

Antes de implementar as estratégias de marketing na Escola Dominical, recomendamos que seja feito um check-list das atuais condições da ED, principalmente de sua estrutura física e de sua equipe pedagógica. Gastam-se tempo, dinheiro, recursos diversos e, às vezes, a própria credibilidade do gestor na implementação de estratégias de marketing ao passo que a Escola não está preparada para receber os novos alunos.

II. Plano de Marketing

1. Composto do Marketing

O composto do marketing ou “4Ps”, foi proposto por Jerome McCarthy na obra Marketing Básico (KOTLER, 2000, p.37). Sua proposta era que as empresas conhecessem o mercado em que iriam atuar e também definissem as melhores estratégias para atingir os clientes. Para conseguir tal efeito era necessário estabelecer objetivos, metas e operações envolvendo:

Produto
(mercadoria);

Preço

(valor pago pelo bem);

Ponto-de-venda

(disponibilidade do produto);

Promoção

(estímulo à comercialização do produto).

Os 4Ps reunidos formam o composto básico do marketing (mix do marketing), mas hoje já foram acrescentados outros tantos “Ps”. Todavia, no planejamento do marketing para a Escola Dominical, os 4Ps, devem, necessariamente, transformarem-se em:

Utilidade
(em vez de Produto);

Valor
(no lugar de Preço);

Comunicação
(em vez de Promoção);

Acessibilidade
(no lugar de Ponto-de-venda).

2. Planejamento Estratégico.

O Planejamento Estratégico de Marketing orientado para a Escola Dominical envolve as seguintes atividades:

1. Definição da missão da ED;

2. Análise da atual situação da ED;

3. Formulação de objetivos;

4. Formulação de estratégias;

5. Implementação, feedback e controle;

6. Orçamento.

3. Divulgação da ED

A Escola Dominical pode ter a melhor estrutura física, uma excelente equipe de professores, todas as condições pedagógicas para oferecer aos membros de sua igreja o melhor ensino, mas é necessário que a igreja saiba disso. Isso será feito por meio da divulgação.

A divulgação tem dupla finalidade:

(1) ampliar a visibilidade da ED
(para que ela possa conquistar novos alunos e manter os que já tem);

(2) consolidação e fortalecimento da imagem da ED.

3.1. Propaganda

Uma boa propaganda deve interessar, persuadir, convencer e levar à ação. Para que um anúncio cumpra a sua missão é necessário o apelo a uma necessidade, despertando ou criando o interesse (alguns preferem "desejo"). A forma de comunicação mais acessível à ED são:

a) folders e panfletos;

b) internet (marketing digital);

c) rádio;

d) mídia exterior (banner, adesivos, etc.),

e) jornais locais, revista (outros: outdoors, televisão).

3.2. Marketing Direto

O marketing direto, segundo Drayton Bird, em seu livro Bom Senso em Marketing Direto (Makron Books, 2000), é um marketing de relacionamento em que o serviço é apresentado as pessoas certas, por meio da comunicação direcionada. Portanto, o marketing direto cumpre duas funções:

(1) aquisição de nomes pessoais e,

(2) ativação e manutenção de relacionamento contínuo com pessoas já conquistadas.

Inclui:
mala-direta, e-mail marketing, folheto, correspondência,
telemarketing ativo, eventos reservados, newsletters, marketing de database etc.

3.3. Invista na Imagem de seus Professores

Melhore a imagem de seus professores. Ajude-os na composição de uma imagem positiva a respeito de si, da importância deles e do ofício que desempenham para a escola. Invista na capacitação coletiva e individual de sua equipe. Reúna-se periodicamente com a sua equipe.

3.4. Eventos.

Nesta categoria a escola pode efetuar diversas atividades educacionais que, ao mesmo tempo em que motiva a equipe de professores, edifica coletivamente a igreja e divulga o seu trabalho. Uma ocasião propícia é a festa anual da Escola Dominical e o calendário específico das comemorações sugeridas nas Lições Bíblicas (CPAD).

Esses eventos incluem:

Semana Pedagógica; Conferências; exposições; workshop;
chás ou café literário; comemoração de datas festivas.

Não perca a oportunidade de proporcionar aos seus professores(as) a oportunidade de participarem das Conferências e Congressos da Escola Dominical promovidos pela CPAD.

As estratégias de marketing, bem como as suas ferramentas, não têm efeito duradouro enquanto a Escola Dominical não estiver preparada para assistir, educar e manter os novos alunos. Por isso, estruture a sua escola para as grandes realizações que estão a caminho. Lembre-se: “Vinho novo deve ser deitado em odres novos” (Lc 5.38).

Por fim, encerro o nosso post introdutório solicitando-o que leia o nosso artigo: Como organizar um evento educacional na Igreja local.

TEOLOGIA & GRAÇA: TEOLOGANDO COM VOCÊ!



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