DÁ INSTRUÇÃO AO SÁBIO, E ELE SE FARÁ MAIS SÁBIO AINDA; ENSINA AO JUSTO, E ELE CRESCERÁ EM PRUDÊNCIA. NÃO REPREENDAS O ESCARNECEDOR, PARA QUE TE NÃO ABORREÇA; REPREENDE O SÁBIO, E ELE TE AMARÁ. (Pv 9.8,9)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Livre como um pássaro


Fiquei profundamente triste com a morte do ilustre teólogo John Stott. Ele colocou sua vida sobre o altar de Deus e de lá nunca a removeu. O primeiro livro que li foi Cristianismo Básico, depois outras importantes obras de Stott, na maioria, por influência dos textos e pregação do rev. Caio Fábio. Chamava-me atenção sua abnegação a Jesus Cristo ao renunciar a construção de uma família para edificar a grande família de Deus.

Segue abaixo, uma notícia publicada por Cristianismo Hoje, e um depoimento do teólogo Russell P. Shedd.




Livre como um pássaro

Morre John Stott, teólogo britânico que ajudou a construir a Igreja contemporânea.

Nos últimos anos, o pastor e teólogo britânico John Stott não podia, em função da idade, praticar uma de suas paixões: a ornitologia. Aficionado pela observação de pássaros, era nos bosques do Reino Unido que ele passava boa parte de suas horas de folga, com binóculo em punho, máquina fotográfica a tiracolo e o inseparável caderninho de anotações. Desavisados poderiam pensar que era apenas mais um idoso preenchendo o ócio da aposentadoria. As aparências enganam. Ali estava um dos gigantes da cristã contemporânea, que ajudou a construir a Igreja Evangélica ao longo do século 20. Teólogo brilhante, pastor apaixonado, filantropo convicto, conferencista eloquente, escritor inspirado e idealista de vanguarda, Stott deixou esta vida no dia 27 de julho, em Londres, de causas naturais, aos 90 anos. Livre como os pássaros que ele tanto amava.

No seu último aniversário, em abril, amigos, colaboradores e parentes mais chegadosStott era solteiro e não tinha filhosfizeram uma reunião com ele na casa de repouso onde vivia. O encontro teve inegável caráter de despedida. “Já sabíamos o que estava para acontecer. Stott deixou um exemplo impecável para lideres de ministérios em todo o mundo – amor pela Igreja global, paixão pela fidelidade bíblica e amor pelo Salvador”, define Benjamin Homam, presidente de John Stott Ministries, entidade criada pelo pastor para apoiar líderes cristãos ao redor do mundo. A instituição é apenas uma parte do imenso legado espiritual daquele que, segundo David Brooks, colunista do New York Times, seria eleito papa, caso os protestantes tivessem um.

“SIMPLES E COMUM”

Nascido em família abastada, John Robert Walmsley Stott era filho de sir Arnold Stott, médico da Família Real. Criado na Igreja Anglicana com as três irmãs, ele fez sua decisão por Cristo aos 18 anos de idade. A mente privilegiada levou-o à prestigiada Universidade de Cambridge, onde graduou-se em letras. Ali, conheceu a Aliança Bíblia Universitária e sentiu o chamado para o pastorado. Formou-se em teologia no Seminário Ridley Hall e logo assumiu o púlpito da Igreja Anglicana All Souls (“Todas as almas”), onde ministrou durante três décadas, sempre disponível às ovelhas apesar da agenda cada vez mais apertada.

Capelão da Coroa Britânica entre 1959 e 1991, foi neste período que o ministério de Stott atingiu seu maior esplendor. Protagonista do movimento conhecido como Evangelho integral, ele organizou, na companhia do evangelista Billy Graham e outras lideranças, o Congresso Internacional de Evangelização, em Lausanne (Suíça), em 1974. O evento entrou para a história da Igreja Cristã por lançar as bases de uma abordagem da inteiramente contextualizada à sociedade, sem, contudo, abrir mão dos princípios basilares do Evangelho, consubstanciada no Pacto de Lausanne. Fundou ainda o London Institute for Contemporary Christianity, em 1982.

John Stott escreveu cerca de 40 livros e percorreu o mundo como convidado especial em cruzadas, congressos e solenidades. Esteve no Brasil duas vezes. Numa delas, reuniu cerca de 2 mil pastores no Congresso Vinde em 1989, com outro tanto do lado de fora por falta de espaço. Em todas estas viagens, sempre recusou hospedagem em hotéis cinco estrelas. Não costumava nem repetir refeições. “Quando comemos um segundo prato, alguém está deixando de comer o primeiro”, dizia. Tudo a ver com alguém que, ao morrer, possuía apenas um sítio e um apartamento e definia dessa maneira o que é ser evangélico: “É ser um cristão simples e comum.” (http://cristianismohoje.com.br)

Depoimento do Dr. Russell P. Shedd

"Deus me deu várias oportunidades para ouvir e conversar com o mundialmente conhecido Pr. John Stott. Sempre humilde (tomou lanche em nossa cozinha em São Paulo), sempre cordial, sempre pronto para expor um texto da Palavra de Deus. Pregou na Capela Metropolitana (hoje a Igreja Internacional do Calvário), quando eu era pastor. Ouvi-o pela primeira vez em Urbana, Illinois, EUA, expondo 2Coríntios 2.14–6.11 perante 11.000 jovens num congresso missionário, em 1964. No momento de perguntas e respostas, alguém indagou como ele encontrava tanto alimento espiritual no texto que acaba de expor. Respondeu com uma só palavra: "trabalho"!

Não casou, para cumprir o mandato que Deus lhe deu de ensinar e escrever, sempre esclarecendo e desafiando seus ouvintes e leitores. Fui a Cambridge para falar com C. S. Lewis sobre a possibilidade de publicar três dos seus livros em português; não encontrei Lewis, que palestrava em Oxford, mas, por acaso, encontrei um aluno que me informou que era crente. Como se entregou ao Senhor? Resposta: uma conferência de John Stott. Foi a primeira vez que ouvi esse nome. Não fazia ideia, há tantos anos passados, que um dia podia contar com sua amizade." (www.vidanova.com.br)
RUSSELL P. SHEDD

sexta-feira, 22 de julho de 2011

1 PEDRO 2.1-25


Exortações Para a Conduta do Cristão

Estrutura

2 Pedro 2.1-25 está dividido em quatro seções: (a) vv. 1-8; (b) vv. 9,10; (c) vv. 11-17; (d) vv. 18-25. O principal objetivo deste capítulo é exortar os cristãos à santidade e excelência moral nos relacionamentos sociais.

Para cumprir esse propósito, o apóstolo apresenta uma breve lista de vícios (v.1), intermediando com a real identidade do crente e de Cristo (vv.2-10), bem como dos deveres sociais dos santos (vv.11-25). Trata-se, segundo Lohse, de um extenso catálogo de normas para a vida doméstica (2.11-3.12)[1].

Emolduram-se citações veterotestamentárias às exortações gerais de conduta nas perícopes: vv.6-9. O procedimento do cristão-cidadão para com o Estado semelha em estilo e vocabulário à epístola aos Romanos 13.

Os versículos 11 e 12 são a chave para compreendermos o propósito e estrutura desta contundente parênese. Por meio dos termos epithymia (evpiqumi,a) – desejo –, sarks (sa,rx) – carne –, e psichē (yuch,) – alma [eu] –, o literato emprega um vocabulário que descreve uma forte tensão espiritual e moral na pessoa (Rm 7). Conforme Barth, “a existência do homem é a luta entre duas vontades, e a admoestação consiste em combater esses desejos e rejeitá-los”[2].

Apesar de haver uma estrutura coerente e pertinente ao propósito da perícope, dividiremos o presente capítulo em quatro unidades temáticas.

I. A identidade peregrina do cristão (vv.5,9,10,25).

· Forasteiros (paroi,kouj) e peregrinos (parepidh,mouj), v.11, concepção que não é originalmente petrina, mas figura extraída da identidade dos fiéis no Antigo Testamento (Abraão [Gn 15.13;23.4]; Davi [1 Co 29.15], etc.) Nas páginas do Novo Testamento, o conceito encontra-se em Ef 2.19; Fp 3.20; Hb 11.9,13, etc.

· Pedras vivas (li,qoi zw/ntej), v.5, conceito extraído da relação entre Jesus, o edificador (oivkodespo,thj), e a Igreja, a casa espiritual (oi=koj peneumatiko.j), constituída para exercer o sacerdócio santo e real (Mt 16.18; Hb 3.2-5). O próprio Cristo é a Pedra Angular, v.6s – de tropeço e escândalo para os infiéis e de acesso e edificação para os crentes, vv.8,9. Ver Is 8.14;28.16. Pedro associa essa imagem aos conceitos apostólicos de 2 Co 6.16; Ef 2.19-22; 1 Tm 3.15; Hb 10.21. Ver Mc 14.58 e 1 Pe 4.17.

· Geração eleita (ge,noj evklekto,n). Uma série de títulos de honra de Israel extraídos de Êx 19.6 e Is 43.20 são aplicados à comunidade cristã. Os cristãos já foram chamados de “estrangeiros eleitos”, na fórmula triádica de 1.1,2; agora, “geração ou povo eleito”; sacerdócio real (Ap 1.6; 5.10); nação santa; povo adquirido (Tt 2.14; ver Rm 9.7; Gl 3.29; 6.16), tudo com o propósito de anunciar as virtudes salvíficas de Cristo (v.9; Mt 28.19,20; Mc 16.15). Esses título honoríficos acentuam a dignidade e excelência da Igreja diante do Senhor e perante o mundo.

II. A natureza do cristão (vv.1,2,11,12).

Essa natureza é santa, oposta a toda malícia (kaki,a – malignidade, maldade, perversidade), Rm 1.29; Ef 4.31; 1 Co 5.8, todo engano (do,loj – armadilha, estratagema para capturar, fraude), Mt 26.4; Mc 7.22; 14.1, e fingimentos (u`pokri,seij – ator de teatro; hipócrita, fraudulento), Mt 6.2,5,16;7.5, e invejas (fqo,nouj – ciúme, rancor), Mt 27.18; Mc 15.10, e murmurações (katalalia,j – fofocar, falar contra, caluniar, detração, difamação), Tg 4.11; 2 Co 12.20; 1 Pe 3.16.

III. O comportamento do crente (vv.1,2,11-13,18-25).

(a) Consigo (vv.1,2,11); (b) os outros (v.12); (c) e autoridades (vv.13). Independente de sua classe social, mas seguindo o exemplo de abnegação de Cristo (vv.18-25).

IV.A identidade de Cristo (vv.4,6-8,25).



[1] LOHSE, Eduard. Introdução ao Novo Testamento. São Leopoldo: Sinodal, 1972, p. 226.

[2] BARTH, Gerhard. A primeira epístola de Pedro. São Leopoldo: Sinodal, 1967, p.58.


TEOLOGIA & GRAÇA: TEOLOGANDO COM VOCÊ!



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