Ler como ato político
A verdadeira leitura não é aquela que manipula mecanicamente o texto, mas a que implica em percepção crítica das relações entre o texto e o contexto do ledor.
Assim, portanto, a educação freireana prioriza a leitura e a alfabetização como um ato político libertador. A educação, assim como a leitura, não deve estar dissociada da realidade e do contexto dos aprendentes, muito menos ser alienante.
Quem lê deve ser capaz de interpretar o seu mundo, de pensar e cogitar sobre o lido, de criticar e repensar a leitura, de rever cosmovisões e construir novos caminhos.
Certo axioma atribuído a Albert Einstein diz que “a leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê de mais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar.”
A crítica de Einstein não é contra a leitura, mas contra aqueles que usam a leitura como alienação e fuga. Talvez, Mario Quintana desejasse afirmar a mesma coisa quando escreveu que “os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”. Analfabeto não é aquele que não sabe ler, mas o que nunca se apropriou da função social e política da leitura e da escrita.
Nas palavras de Foucambert (1994), a leitura e a escrita são os instrumentos pelos quais o sujeito alcança a democracia e o poder individual que, segundo ele, “é a capacidade de compreender por que as coisas são como são” (p.123). Lê-se, portanto, para interpretar e transformar a realidade.
A leitura, nesse aspecto, traduz-se em direito individual e coletivo que acompanha a alfabetização de crianças, jovens e adultos. Não se dissocia a leitura da alfabetização e, portanto, ambos constituem-se em ato político. Sonia Kramer (2001) afirma que o acesso à alfabetização – enquanto desenvolvimento de uma postura reflexiva sobre a língua – à leitura e à escrita é direito assegurado que exige um projeto de toda sociedade para a democratização e a plena realização da justiça social.
Ler como processo de crescimento cognitivo
Atribui-se ao filósofo Sêneca o aforismo que afirma: “A leitura nutre a inteligência”. Todavia, Machado de Assis, com a pujança e ironia que lhe são próprios, na Teoria do Medalhão (1882), recomenda ao seu estimado filho, Janjão, que se afaste das idéias, das leituras e atividades que exercitam o cérebro. Dizia ao mancebo que, ao dirigir-se à livraria, deveria ir não para aguçar as idéias através de excelentes leituras, mas para
[...] falar do boato do dia, da anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer cousa [...] uma tal monotonia é grandemente saudável. Com este regímen, durante oito, dez ou dezoito meses – suponhamos dois anos –, reduzes o intelecto, por mais pródigo que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum. Não trato do vocabulário, porque ele está subentendido no uso das idéias; há de ser naturalmente simples, tíbio, apoucado, sem notas vermelhas, sem cores de clarim... (2001, p.15).
Crítico da sociedade de seu tempo, Machado desfere sua crítica ferina contra aqueles que usavam de artifício, sim, o artifício do medalhão, para manter as aparências numa sociedade hipócrita.
Contudo, o contrário é verdadeiro. A leitura estimula novas idéias, desenvolve a criatividade e o intelecto, além de alargar o vocabulário.
Mas para que isto seja potencialmente possível, é necessário, como afirma Solé (1988), de estratégias de leituras. Estratégias de leituras, segundo Solé, “são capacidades cognitivas ligadas à metacognição, que permitem uma atuação inteligente e planejada da atividade de leitura” (FERREIRA & DIAS, 2002, p.46).
Para o pleno desenvolvimento cognitivo do leitor, Solé (1998, p.70) afirma que: (1) As estratégias leitoras precisam ser ensinadas; (2) O ensino de estratégias leitoras deve privilegiar o desenvolvimento de estratégias que possam ser generalizadas a outras situações e não se atenham a técnicas precisas, receitas infalíveis ou habilidades específicas.
Possibilidades de Estímulo à Leitura e à Formação de Novos Leitores
Da parte da Escola Dominical
1. Implantação de projetos de incentivo à leitura com a presença de autores, editores e educadores;
2. Implantação de uma biblioteca com literatura diversificada que atenda das crianças ao adulto;
3. Criação do “Clube da Leitura”;
4. Premiar os alunos e professores com literatura;
5. Criar feiras de livros, com vendas, trocas e doações.
Da parte da Família
1. Propiciar um ambiente doméstico que valorize a leitura, a cultura e os livros;
2. Estimular os filhos a montar uma pequena biblioteca que atenda exclusivamente o interesse da criança;
3. Ler e contar histórias para os filhos;
4. Levar as crianças, adolescentes, jovens e adultos às livrarias e bibliotecas;
5. Participar de feiras de livros;
6. Dar certa quantia em dinheiro para que o leitor compre o seu próprio livro;
7. Os pais devem ser os primeiros a ler;
8. Criar “cantinhos” de leitura para as crianças;
9. Instruir as crianças a reservarem um “tempinho” para a leitura;
10. Controlar o tempo gastos na televisão e dedicar mais tempo à leitura.
"A leitura deve ser para o espírito como o alimento para o corpo,
moderada, sã e de boa digestão."(Marquês de Maricá)
Referências Bibliográficas
ASSIS, M. de. Teoria do medalhão. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2001.
FERREIRA, S. P. A. and DIAS, M. B.B. A escola e o ensino da leitura. Psicol. estud. [online]. 2002, vol.7, n.1, pp. 39-49. ISSN 1413-7372. Disponível em <<>> Consultado em 26 de out de 2009.
FOUCAMBERT, J.. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas,1994.
FREIRE, P. A importância do ato de ler. 18.ed.,São Paulo: Cortez Editora, 1987.
KRAMER, S. Alfabetização, leitura e escrita. Formação de professores em curso. São Paulo: Ática, 2001.
SOLÉ, I.. Estratégias de leitura. 6ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
3 comentários:
Gostaria de aproveitar a deixa para revelar o que fazemos para aumentar tal hábito em nossas igrejas: fazemos sempre leituras oficiais com textos de não menos dez versículos! É um recurso básico, mas espanta a preguiça de muitos lerem sua própria Bíblia. Parabéns pelo excelente assunto.
FAÇA UMA ORAÇÃO POR MIM HOJE
Por: William Vicente Borges
Eu sei que há tanto o que fazer
Talvez você esteja com muitas ocupações
Mas preciso que pare um minuto
Agem assim bons corações
Peço com humildade e contrição
Faça uma oração por mim hoje
a maior oração é o amar
e provará seu amor ao orar
Estou aflito e necessitado
Preciso tanto que Deus envie seus anjos
Com as respostas que preciso
Então por favor, ore por mim
Um minutinho que seja
As orações dos justos valem tanto
Eu sei, Deus atende, sempre
E sei que atende a você
Amanhã será um dia melhor
Obrigado pela atenção
O bom Senhor te recompense
Por me mencionar em oração
Oraste por mim, e não sei teu nome
Mas o Deus que te ouviu
Não esquecerá jamais
Que você fez uma oração por mim hoje.
.............................
Primavera de 2009
Querido pastor e amigo Esdras, a paz do Senhor!
Parabéns por mais este post!
Em tempo, depois de algum tempo "sumido", estou de volta à blogosfera. Aguardo uma nova visita do senhor e rogo suas orações: www.esperancasemlimites.blogspot.com
Forte abraço!
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