Temo ser um teólogo descompromissado com a minha gente, o meu povo, com a vida.
Temo ser um teólogo que, afastado do povo, não sinta suas dores, seus medos e angústias.
Temo ser um teólogo que, amando mais a teologia, ame menos as pessoas.
Temo ser um teólogo que avalia o outro pela teologia que defende, no lugar de sua devoção a Deus e compromisso com o outro.
Temo ser um teólogo fatalista, que vê o futuro como evento inexorável, determinista, incapaz de ser transformado por ações mais humanas do que divinas.
Temo ser um teólogo sem Deus, que ame mais a teologia de Deus do que o Deus da teologia.
Temo ser um teólogo que não encontra sentido para sua presença no mundo.
Temo ser um teólogo adaptado à cultura de meu tempo, incapaz de refletir a respeito dela.
Temo ser um teólogo sem teologia.
Temo ser um teólogo caduco em um mundo em constante transformação.
Afinal o que é a teologia e qual o papel do teólogo no mundo? Por que fazemos teologia? Para quem teologizamos?
Palmas, Tocantins - às 23hs42m - Por ocasião da 19 Conferência de Escola Dominical
8 comentários:
Shalom!
1. Amado Pr "Ezra", parabéns por este insight. A teologia precisa transformar-se em doxologia (Rm 11.33-36). Neste texto, Paulo passa da teologia para a doxologia, da doutrina para o louvor, do argumento para a adoração.
2. Nós nunca deveríamos separar a teologia (nossa crença em Deus) da doxologia (nosso culto a Deus). Ou seja, devemos nos acautelar de uma teologia sem devoção como de uma devoção sem teologia.
Receba meu abraço fraterno,
Pr. Marcelo de Oliveira
Be Dam Ha Sé!
P.s>>> Aguardando seus preciosos comentários do meu singelo livro.
Muito interessante , posso copiar e colocar no orkut ? irei divulfgar numa comnunidade chamada ass de deus tradicional com mil e poucos membros
Pr. Esdras:
1. Amém. Deus te ajude. Quanto à frase: “Temo ser um teólogo que avalia o outro pela teologia que defende, no lugar de sua devoção a Deus e compromisso com o outro” entendo o seguinte:
2. Primeiro. Avaliar o outro pela teologia que defende não implica em sentenciá-lo, tal como fazem as seitas, através do separatismo religioso. No caso, o que devo temer é ser preconceituoso.
3. Segundo. Se o teólogo se deixar impressionar pela devoção de pessoas sinceras, mas erradas (à luz da verdade bíblica), pelo julgamento que faz de si mesmo, como poderá ajudá-las a se libertarem do erro?
4. Ser teólogo é “manejar bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15b). Exercer a função nunca foi tão difícil como nesses “últimos dias”. Pois, há uma tendência generalizada de querer fazer tudo que o coração mandar, em nome da sinceridade e da devoção.
5. Terceiro. Ai do pastor que não seja teólogo! Ele tem o dever de avaliar se a teologia professada corresponde mesmo à devoção a Deus e ao compromisso com o próximo. E, caso contrário, precisará intervir, disciplinar e, como medida extrema, “excluir”.
6. Observe a dificuldade de alguém assumir publicamente que é (e não que deseja ser) um “doutor” nas Escrituras ou que recebeu o dom de doutor (Ef 6:11)! Agora, observe como é mais fácil as pessoas assumirem publicamente que são “pastores” ou “profetas”.
7. Sabe por quê? O trabalho é dobrado e os riscos de exposição são grandes. Afora o Espírito Santo, só a consciência do próprio teólogo pode dá testemunho do conhecimento adquirido com muita dedicação (Rm 12:7b). Não há como tapear, por muito tempo.
8. O teólogo será “testado” em tempo real; as pessoas não terão “temor” de confrontá-lo publicamente (como evitam fazer com os demais “ungidos”, Salmos 105:15...); vão tentar acintosamente lançar-lhe em rosto suas pretensas espiritualidades e devoção, quando discordarem dele; e, porque o teólogo fica marcado pelo ensino que defende, a possibilidade de ser rejeitado é maior.
9. Sua função de “doutor” definitivamente não tem o mesmo espaço dos demais dons enunciados em Ef 6:11. Alguns (na prática) nem reconhecem a necessidade de sua existência... Mas, o “doutor” (o teólogo) sabe como sua função é vital para nós, a Igreja (Ef 4:12-14).
19 Abr 10
Abraço fraterno
Paulo Ceroll.
Pr. Esdras.
Eu não gostava de seus textos. Achava difícil demais de entender, mas ultimamente percebi que eu estava errado.
Tenho feito várias leituras e confesso que são edificantes. como esse que o Pr. escreveu acima.
Estou esperando receber meu salário este mês para comprar seu livro sobre Hermeneutica.
Que Deus o abençoe como excelente teologo que é, como pastor e servo de Deus.
Em Cristo, Luis.
Kharis kai eirene
Prezado Pr. Marcello, obrigado por sua participação no Teologia & Graça. Concordo com vossa assertiva, principalmente quando o amigo afirma que “devemos nos acautelar de uma teologia sem devoção como de uma devoção sem teologia”. Acredito que ambas, a teologia e a devoção, são necessárias ao se fazer teologia, no entanto, me permita uma polêmica, num excelente texto da pena do exegeta Moisés Silva, o autor critica o princípio de que a comunhão com o Espírito Santo, a santidade e a devoção sejam elementos que determinam a correta interpretação da Escrituras. Silva “não nega” que essas qualidades sejam relevantes, muito pelo contrário, as defende. Contudo, considera que não são necessárias à interpretação correta das Escrituras. As afirmações de Silva trouxeram-lhe alguns problemas, entre eles, ao que parece, um confronto com um colega ortodoxo.
Esdras Bentho
Kharis kai eirene
Prezado Francisco, obrigado por sua participação no Teologia & Graça.
Pode divulgar os textos e assuntos tratados neste blog. Aproveito a ocasião, para fazer uma crítica e protesto: algumas pessoas têm impresso o nosso conteúdo em forma de apostila e vendido sem dar os créditos ao signatário desse blog. Isto é tão absurdo quanto a prática de um certo site “cristão” que copia livros, disponibiliza alguns na internet, mas vende um DVD com mais de mil livros. Infelizmente, há crentes incautos que compram esses plágios.
Kharis kai eirene
Prezado Paulo Ceroll, obrigado por sua participação e intervenção no texto em epígrafe. Suas reflexões são oportunas e perspicazes. Quanto à frase destacada: “Temo ser um teólogo que avalia o outro pela teologia que defende, no lugar de sua devoção a Deus e compromisso com o outro”, minha visão inicial baseia-se na síntese dos mandamentos: amar a Deus e ao próximo. Daí a razão pela qual enfatizei a devoção, a piedade, o amor a Deus e o amor ao próximo. De qualquer forma, entendo que sua opinião diz respeito às teologias que, mesmo defendidas por pessoas sinceras, podem estar eivadas de grosseiros erros.
Pastor, Paz!
Ao ler esta reflexão me identifico integralmente a ela.Pois, os temores ali expressados são parte de fato dos meus temores.Quem sentido faria ser teólogo sem conhecer a Deus,sem compartilhar de algumas caracteristicas da natureza de Deus.
Parabéns e Deus te abençoe.
Postar um comentário